A Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) do Paraná forneceu, entre janeiro e março deste ano, um medicamento questionado pela comunidade médica a pacientes que fizeram transplante de fígado. O Lifaltacrolimus passou a ser usado como imunossupressor, para combater a rejeição ao transplante, depois que a Sesa interrompeu a compra do Prograf, o remédio de referência para transplantados de fígado, no início do ano.
O medicamento teve sua fabricação, distribuição e comercialização proibidas em todo território nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 1º. de março. "O Prograf é um medicamento que apresenta uma resposta muito boa no caso de transplantes de fígado. Pelo relato de pacientes ficamos sabendo que as farmácias especiais passaram a fornecer o lifaltacrolimus, que não teve a mesma aceitação da comunidade médica", confirma Júlio Wiederkehr, médico especialista em transplantes da Santa Casa de Curitiba e do Hospital Pequeno Príncipe e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, embora o Lifaltacrolimus tenha, na teoria, a mesma composição que o Prograf, ainda não existem estudos e literatura médica suficiente para garantir sua eficiência.
A artista plástica Célia Regina, 53 anos, que tem acesso ao imunossupressor na farmácia especial da 2.ª Regional de Saúde, com sede em Curitiba, continuou a utilizar o Prograf, graças ao fornecimento de amostras grátis por sua médica. Após a proibição da Anvisa, as farmácias especiais do estado voltaram a distribuir o Prograf, mas a quantidade disponível não seria suficiente para atender toda a demanda de Curitiba. "Eu tenho que tomar nove cartelas por mês. Consegui apenas duas", diz Regina.
No interior do estado, a situação é ainda mais crítica. As regionais de saúde de Cianorte, Paranavaí e Umuarama, por exemplo, sequer contam com estoque de Prograf. Procurada pelo jornal Gazeta do Povo, a assessoria de imprensa da Sesa informou que o estoque de Prograf será normalizado nos próximos dias com a ajuda da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. A assessoria não soube informar quantas cartelas do medicamento seriam necessárias para normalizar o atendimento no Paraná.