Mudança
Ministério cria grupo de trabalho
Dias após ter afirmado que o apagão da terça-feira passada era caso encerrado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, mudou de opinião e deu detalhes sobre um grupo de trabalho criado para apurar as causas do blecaute, bem como apontar soluções ou alterações operacionais que possam aumentar a confiabilidade do sistema elétrico.
Dilma e Lobão irão ao Senado tratar do apagão
Preocupado com a movimentação da oposição para explorar politicamente o apagão elétrico que atingiu 18 estados na semana passada, o governo fechou ontem um acordo com suas lideranças para levar ao Congresso a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
Hacker invadiu site do ONS após falha na energia
Dois dias após o apagão que atingiu 18 estados brasileiros, um hacker invadiu, na noite de quinta-feira (12), o site corporativo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Empenhado em rebater as dúvidas de que o mau tempo teria causado o apagão da última terça-feira, o Ministério de Minas e Energia divulgou ontem uma nota em que afirma que um curto-circuito motivou a queda de energia em 18 estados. De acordo com o ministério, o curto-circuito derrubou três linhas de alta tensão que transmitem energia de Itaipu até o Sudeste e foi o responsável pelo desligamento da usina. Após a hidrelétrica sair do ar, segundo a nota, outras usinas foram desligadas por questões de segurança.O diretor geral de Itaipu, Jorge Samek, ressaltou que o curto-circuito, em si, é o fenômeno que desativou a transmissão, mas que ele foi causado pela combinação de ventos fortes, chuva e raios na região de Itaberá, em São Paulo. Samek, que esteve em Curitiba acompanhado do diretor paraguaio Mateo Balmelli para a inauguração do Centro Empresarial Brasil-Paraguai na Câmara Americana de Comércio (Amcham), voltou a citar a "Lei de Murphy" que postula que "se algo pode dar errado, com certeza dará" para explicar o apagão."Em mil quilômetros, as três linhas de transmissão ficam separadas por até 20 quilômetros de distância. Em apenas três quilômetros elas se aproximam, para entrar e sair de subestações, e foi ali que o problema aconteceu", disse. "Acontecer de novo alguma coisa assim é quase impossível. Em 26 anos de operação tivemos problemas em uma, duas linhas, mas nunca no conjunto. Foi um fato raro", completou.Na nota, o ministério voltou a ressaltar que, no momento do blecaute, a região de Itaberá (SP) registrava chuva intensa, ventos fortes e descargas atmosféricas. Segundo informações do ministério, um grupo de trabalho do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico vai buscar medidas que "aumentem o grau de segurança e confiabilidade do sistema interligado de fornecimento de energia elétrica".Na opinião de Samek, o sistema vai naturalmente ficar mais confiável conforme forem incorporadas novas fontes de energia, como os projetos de hidrelétricas nos rios Madeira, Xingu e Tapajós. "Assim, a participação relativa de Itaipu vai cair muito e mesmo que ocorra um evento parecido, haveria backup para evitar o problema que vimos agora."
"Muito pior"O ministro Lobão disse que o apagão poderia ter sido muito pior, caso o mecanismo de defesa do sistema não tivesse funcionado. Ele voltou a defender qualidade da estrutura do setor elétrico e ressaltou que a autoproteção, que desligou automaticamente algumas linhas e as turbinas de Itaipu, evitou "um desastre.
Por esse mecanismo, o sistema está programado para desarmar em caso de falhas, como a queda nas linhas de transmissão, evitando sobrecargas.
Durante a abertura do seminário Brazil Global Energy, no Rio, ele também afirmou que o governo não tem "o monopólio para as soluções. "Na inteligência de cada brasileiro haverá de ter um laboratório em estágio letárgico pronto a explodir em pétalas de solução", disse, concluindo que "a luta" do governo é para "que não falte jamais energia elétrica".
ONS
Está prevista para hoje a divulgação do relatório do Operador Nacional do Sistema (ONS) sobre as análises feitas nos aparelhos que medem o fluxo de energia nas linhas e que fizeram um retrato do que houve no momento do blecaute. Os dados vão ajudar a entender o que exatamente ocorreu no momento do blecaute. Além disso, o Ministério de Minas e Energia, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o ONS tinham até ontem para entregar ao Ministério Público Federal toda a documentação solicitada sobre o apagão. Os órgãos têm até o dia 26 para indicar os responsáveis pelo local da falha inicial.
Entre o material solicitado, estão as comunicações entre os agentes do setor (distribuidores, transmissores e geradores), as atas de reuniões, as notas técnicas, os laudos preliminares produzidos desde o início do blecaute até o prazo fixado e qualquer outro documento recebido ou conhecido relacionado ao blecaute.
O procurador da República em Goiás Marcelo Ribeiro de Oliveira é o responsável pelo caso. Ele afirmou que espera concluir a primeira etapa da apuração em 15 dias prazo que pode ser prorrogado. Ele espera receber uma documentação completa sobre as causas do apagão para que sejam cobrados os direitos dos consumidores e a garantia dos serviços.
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