Depois de movimentar as principais ruas do centro de Curitiba, os cerca de mil participantes do Grito da Terra, marcha estadual promovida por trabalhadores rurais, voltaram às suas cidades satisfeitos com o resultado das negociações para melhorias no campo.
Em reunião ontem no Palácio Iguaçu, o governo do estado anunciou a liberação de R$ 11 milhões ao Fundo de Aval (garantia a empréstimos bancários contraídos pelo agricultor pobre) e a contratação de 518 novos profissionais para a assistência técnica no campo. A criação de uma força-tarefa para tornar mais ágeis os processos do Programa Nacional de Crédito Fundiário também foi anunciada pelo governo no encontro.
Além dessas, as principais reivindicações da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), organizadora da marcha, diziam respeito à ampliação dos beneficiários à criação de um programa de casa própria para a agricultura familiar. Em relação à habitação rural, o governo chamou a atenção para o convênio já existente com a Caixa Econômica Federal. Na saúde, foi anunciada a construção de 25 novos hospitais regionais e 63 centros de saúde da mulher, já licitados. "Esperamos agora a concretização das garantias", diz o presidente da Fetaep, Ademir Mueller.
Na área trabalhista, a reunião com representantes da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) rendeu bons frutos sobre as normas específicas de fiscalização do transporte e regulamentação de contratações de trabalhadores do campo. "As garantias são fundamentais e importantes, porém não avançamos na questão da informalidade", ressalva o vice-presidente da Fetaep, Antônio Zarantonelo. Segundo ele, existem no Paraná 420 mil assalariados rurais, dos quais 65% não são registrados. "A DRT reconhece o problema mas diz não ter recursos suficientes para nos atender", completa Zarantonelo.
Já a expectativa sobre reforma agrária esbarrou no conceito de produtividade, que só permite a desapropriação de áreas comprovadamente improdutivas. "O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) diz que vai agilizar cinco áreas assentadas, mas isso não supre nossa necessidade", adianta o diretor de políticas agrícola e agrária da Fetaep, Mário Plefk.