Com normas do Executivo e influência internacional, governo Lula tenta avançar em pautas pró-aborto discretamente.| Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília
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Em uma estratégia marcada pela discrição, o governo Lula tenta avançar a agenda pró-aborto, sem qualquer debate público. Notas técnicas, resoluções de conselho ligado ao governo e a defesa de “direitos reprodutivos” em fóruns internacionais são exemplos da postura adotada pelo governo petista.

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Durante a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, a ministra da Mulher, Aparecida Gonçalves, foi questionada sobre como o grupo “G20 Mulheres” abordou questões relacionadas aos “direitos reprodutivos e sexuais”, um eufemismo utilizado pelas feministas para mascarar a defesa aberta do aborto sem condições. Apesar da intenção de avançar na pauta, a ministra reconheceu as dificuldades para firmar a tratativa devido especialmente à presença de países como Arábia Saudita e Turquia.

“Muitos países ainda têm restrição sobre a pauta de direitos sexuais e reprodutivos. Acho que é importante dizer isso. Então, a gente trabalhou dentro da perspectiva do que eram os processos de consenso” afirmou a ministra no programa Giro Social do Canal Gov. Ela acrescentou que temas como planejamento familiar foram incluídos ao tratar da saúde da mulher de forma integral.

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Na ONU, Brasil influenciou inclusão de termo abortista em resolução sobre família

No cenário internacional, o Brasil tem adotado uma postura mais enfática em relação ao tema. O Itamaraty, sob o governo Lula, também surpreendeu diplomatas após uma forte articulação pró-aborto. Durante reuniões da ONU, o Itamaraty instigou a inclusão de um parágrafo com teor abortista em uma resolução sobre família, proposta pelo grupo G77 + China. O trecho continha a expressão “saúde reprodutiva de todas”, demonstrando uma guinada ideológica que contraria a tradição diplomática brasileira de evitar confrontos em pautas sensíveis. 

Gabriel Carvalho, advogado especializado em direitos da criança e do adolescente, destaca que a expressão "direitos sexuais e reprodutivos" surgiu pela primeira vez em um relatório da Fundação Ford intitulado "Saúde Reprodutiva: uma Estratégia para os anos 90". “A expressão ‘direitos sexuais e reprodutivos’ é uma das ferramentas mais usadas para fazer soar algo trágico como algo linguisticamente aceitável. Isso não passa de uma tentativa persuasiva para iludir a população e avançar o genocídio intrauterino de inocentes”, afirma.

Questionado pela Gazeta do Povo, o Ministério das Relações Exteriores negou a vinculação à prática de aborto, afirmando que “não procede a alegação que vincula a expressão ‘reproductive healthcare for all’ à defesa do aborto”.

Por meio de normas do Executivo, governo Lula tenta avançar em pautas abortistas

A Gazeta do Povo mostrou com exclusividade a tentativa do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) para aprovar uma resolução que facilitaria o acesso ao aborto para crianças e adolescentes vítimas de estupro. O documento, ainda em fase de análise no conselho, propõe que o procedimento possa ser realizado mesmo sem o consentimento dos pais e até o nono mês de gestação. Vale destacar que o Conanda é integrado por 30 pessoas, sendo 15 representantes de ministérios indicados pelo governo Lula e outros 15 representantes da sociedade civil, como CUT e Conselho Federal de Psicologia.

“Hoje em dia, é difícil encontrar no movimento pró-aborto uma tentativa de se legalizar o aborto de forma clara e pública. Em vez disso, a estratégia é usar atos normativos do poder executivo, como decretos, portarias, resoluções e notas técnicas, para avançar a agenda”, avalia Gabriel Carvalho.

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O Código Penal brasileiro define o aborto como crime, mas retira a punição em casos de estupro ou risco à vida da mãe (art. 128). O Supremo Tribunal Federal (STF) ampliou, em 2012, as exceções para gestações de bebês que sofrem de anencefalia.

No entanto, desde o início de seu mandato, o governo Lula tem tomado medidas que reforçam a flexibilização do aborto. Ainda em janeiro de 2023, primeiro mês de mandato, o governo Lula derrubou uma portaria do governo anterior que tratava sobre os procedimentos no atendimento de vítimas de estupro. As pacientes que procurassem o SUS para realizar o aborto, em caso de estupro, deveriam preencher um termo para facilitar a identificação do agressor.

Para Carlos Dias, advogado e especialista em diplomacia e relações internacionais, as recentes iniciativas demonstram uma inversão de valores. “A legislação brasileira não permite a condenação de pena de morte ao estuprador, mas para o governo é possível assassinar a criança consequência do crime desse marginal. Sim, o Brasil está caminhando exatamente para isso: assassinar a criança e preservar o estuprador”, critica.

Apesar de suspensa, nota técnica que queria flexibilizar aborto até 9º mês demostrou interesses do governo

Posteriormente, em fevereiro de 2024, o Ministério da Saúde assinou uma nota técnica com o intuito de ampliar a realização do aborto em caso de estupro até o nono mês de gestação. Após intensa repercussão, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, suspendeu o documento quase 24 horas depois. Segundo a pasta, a suspensão ocorreu porque a nota técnica não havia passado por todas as instâncias necessárias de aprovação dentro do órgão.

“Todos os livros, sem exceção, de embriologia do Ocidente, dizem que o aborto é a interrupção da gravidez antes das 22 semanas”, afirmou Ubatan Loureiro, ginecologista obstetra e especialista em Bioética, em entrevista à Gazeta do Povo em julho deste ano.

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Carlos Dias destaca que o governo, embora possua pautas de interesse próprias, está subordinado ao ordenamento jurídico, especialmente à Constituição Federal “O governo pode ter o poder, mas não tem a legitimidade. Essa adesão a pautas abortistas, por exemplo, não poderia ser realizada, pois contraria a Constituição, que estabelece as diretrizes gerais para a execução do poder delegado”, acrescenta.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]