O secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, agradeceu publicamente o esforço da imprensa na tentativa de defender a portaria que tratava da fiscalização do Pix. A medida, que pretendia ampliar a fiscalização das transações por Pix e compras em cartão de crédito, foi revogada na tarde desta quarta-feira (15).
“Apesar de todo o nosso trabalho, com o apoio da imprensa. Preciso agradecer muito a imprensa que foi parceira da gente na tentativa de afastar essas mentiras”, declarou Barreirinhas durante a coletiva com jornalistas ao comunicar o recuo do governo. O secretário ainda destacou que espera contar com os meios de comunicação nos próximos “rounds dessa luta que virá”.
Nikolas Ferreira bate recorde com vídeo sobre fiscalização do Pix
Ainda durante a declaração, Barreirinhas atribuiu a repercussão negativa da portaria a “pessoas inescrupulosas”, que, segundo ele, “causaram pânico entre a população mais humilde”. Sem mencionar nomes diretamente, o secretário fazia referência a um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais.
O material, publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em sua conta no Instagram, bateu o recorde de vídeo mais visualizado nas primeiras 24 horas após a publicação. O alcance já ultrapassou 220 milhões de visualizações, de acordo com o parlamentar. No vídeo, Nikolas esclarece que, até aquele momento, não havia qualquer promessa de taxação sobre o Pix, mas apontou que o aumento da fiscalização poderia abrir caminho para essa possibilidade no futuro.
Para o advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, o episódio evidenciou a força das redes sociais e a preocupação do governo em lidar com elas. “Quem ignorar esse fato e continuar achando que regulação de redes sociais tem a ver com serem tóxicas e discurso de ódio é muito alienado”, escreveu em sua conta no X.
Notas da comunidade do X expõem distorções em matérias jornalísticas sobre o Pix
Durante a discussão pública sobre o assunto, veículos de imprensa classificaram alguns dos argumentos contrários à instrução normativa como “fake news”. Mas notas da comunidade, sistema usado para combater a desinformação no X, ajudaram a trazer contextos e informações relevantes em reportagens enviesadas.
Uma dessas notas, referindo-se a uma matéria do jornal O Globo, destacou: “A manchete sugere que o deputado [Nikolas] afirmou que o Pix será taxado. Porém, ele expressa claramente que não será taxado, e apenas critica o governo por descumprir outras promessas, como a redução do IR e taxa das blusinhas. A matéria tem tom crítico e distorce o contexto”.
Mesmo com a “parceria da imprensa”, como dito por Barreirinhas, a repercussão popular teve impacto direito na adesão ao Pix. De acordo com informações do Banco Central, as transferências via Pix caíram 10% após a polêmica ganhar destaque nos meios de comunicação. Antes de recuar, o governo federal começou a investir em uma campanha na tentativa de esclarecer pontos da medida à população. Embora a imprensa tenha passado a apontar falhas na condução do governo Lula, como a demora para agir, os veículos também intensificaram críticas ao que classificaram como os perigos da “desinformação”.
Outra correção feita pelas notas da comunidade refutou a declaração de uma jornalista que afirmou que “desacreditar e atacar medidas públicas é crime”. O texto, elaborado por usuários, lembrou que a liberdade de duvidar e criticar ações do governo é um dos pilares da democracia, como está previsto pela Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
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