Após publicar, ao longo do ano, uma série de relatórios periódicos sobre a situação do povo yanomami, o governo Lula interrompeu as publicações em outubro após o fracasso em reduzir o número de mortes dos indígenas neste primeiro ano de mandato.
Até setembro, os boletins do Ministério da Saúde eram semanais. Depois, as publicações passariam a ser mensais. No entanto, não há novas publicações desde outubro.
Usados pelo governo Lula como bandeira para acusar o governo anterior de omissão em relação à questão yanomami, os problemas persistem com sinais de piora passados 10 meses do início das operações de emergência na região habitada pelos indígenas.
O último boletim da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, foi publicado no dia 4 de outubro de 2023. O relatório havia apontado 215 mortes de yanomamis em 2023 por diversas causas – na ocasião, os números já haviam superado as mortes dos indígenas ao longo de todo o ano de 2022.
De acordo com o documento, 53% dos óbitos são de crianças até 4 anos de idade. Do total, 90 mortes foram causadas por doenças infecciosas; 29 por desnutrição; 43 por causas “mal definidas”; 39 por causas externas; 4 por problemas no aparelho digestivo, além de 10 óbitos neonatais.
Procurada pela Gazeta do Povo, a Sesai informou que “a mudança da periodicidade do boletim do COE se deve ao fato de que a emergência Yanomami está na terceira fase, com ações mais robustas e mais estruturantes”.
A Secretaria também disse que segue o padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao prazo de publicação de boletins de saúde. “No início da Emergência, ele (o boletim) é diário. Depois, passa a ser semanal e quinzenal. Por fim, ele se firma como mensal considerando a robustez das ações. Nesta fase, o COE está focado em atender ações prioritárias, tais como: reposição de pessoal, treinamento da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI), distribuição dos insumos e reformas dos Polos Base e das Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI)”, diz outro trecho da nota da Sesai enviada à reportagem nesta sexta-feira (8).
Gestão Lula deve registrar número de óbitos de yanomamis superior à média dos últimos anos
Como noticiado pela Gazeta do Povo em julho deste ano, apesar das ações divulgadas pelo governo, a situação de desassistência sanitária das aldeias continuava dramática e com o mesmo padrão de mortes dos anos anteriores.
Para se ter uma ideia, em 2022 foram contabilizados 209 óbitos, enquanto em 2021 foram 249. Os número divulgados pela Sesai até julho de 2023 sugeriam que o número de mortes ultrapassaria a média dos anos de 2018 a 2022 (excluindo 2020, auge da pandemia da Covid-19, quando o número de óbitos foi impactado pelo vírus), que é de 238 ao ano.
Caso as mortes mantenham o mesmo padrão de crescimento registrado entre janeiro de outubro até o fim deste ano, o primeiro ano de governo Lula será marcado por um número de óbitos entre yanomamis maior do que a média dos últimos anos. Diante da ausência de novos relatórios não é possível constatar, mas é provável que na presente data as mortes já tenham efetivamente superado a média dos últimos anos.
No início do mandato, o presidente Lula (PT) explorou amplamente a crise na região para desgastar a imagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e valorizar a atual gestão.
Além de Lula, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chegou a usar o alto número de mortes entre yanomamis para sugerir que haveria um “genocídio” em curso por parte do governo anterior.
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