O governo decidiu aumentar a proposta de reajuste salarial para os técnico-administrativos de universidades e institutos federais, em greve há dois meses. Além do reajuste de 15,8% para a categoria dividido entre os próximos três anos anunciado semana passada , o Ministério do Planejamento apresentou ontem novos índices para evolução na carreira e incentivo à qualificação dos servidores da categoria, em uma reunião que durou pouco mais de quatro horas.
Assim, um técnico com graduação que fizer especialização receberá um adicional no contracheque maior do que recebe atualmente. A oferta inicial tinha uma despesa estimada em R$ 1,7 bilhão. A segunda proposta elevou o impacto nos cofres públicos para R$ 2,9 bilhões. "É a oferta final", afirmou o secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça.
Representantes da categoria não deram uma resposta à oferta, mas não se mostraram totalmente satisfeitos. Eles defendem aumento de 15% para 2013 ou 25% fracionado até 2015. "Alguns avanços aconteceram, mas entendemos que o reajuste pode ser melhorado. Isso não atende aos anseios da categoria ainda", disse Gutenberg de Almeida, coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). Uma nova reunião está marcada para hoje.
Mais cedo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou que esperava uma boa resposta da categoria. "Estamos otimistas. (...) Concluindo o acordo com os técnicos, as universidades deverão preparar o calendário de reposição das aulas", disse, ignorando a continuidade da paralisação dos professores. Com eles, o governo deu por encerradas as negociações.
Alcance
O movimento grevista dos servidores públicos afeta mais de 60% do quadro de trabalhadores do Executivo federal. Ainda que a adesão não seja total, as carreiras mais numerosas que participam da paralisação somam 354 mil funcionários, para um total de 573 mil trabalhadores em atividade na administração direta, autarquias e fundações. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que reúne mais de 30 categorias, promoveu uma passeata ontem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
O governo estuda dar um reajuste global a todo o funcionalismo federal para recompor o poder de compra do servidor e buscar pôr fim às greves. Segundo a reportagem apurou, uma das alternativas é viabilizar um aumento médio anual que poderia ser de 5% de 2013 a 2015.
Sem acordo, PF ameaça com operação-padrão
Policiais federais decidiram manter a greve da categoria após reunião com representantes do Ministério do Planejamento, ontem, em Brasília. Na saída, eles soltaram balões negros (foto) como forma de protesto. A Federação Nacional dos Agentes da PF (Fenapef) promete intensificar as operações-padrão em todo o Brasil hoje. No Paraná, as fiscalizações devem ocorrer no Aeroporto Afonso Pena, no Porto de Paranaguá e na Ponte da Amizade.