A secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, afirmou na noite desta quinta-feira (24) que o governo paulista estuda entrar com uma ação contra o Acre por conta do envio, sem aviso prévio, de um grande número de imigrantes haitianos.
"Desde o feriado [de Páscoa], houve um fluxo de 500 pessoas ao mesmo tempo, sem avisar, para São Paulo. Esse número é o de pessoas que passaram pela Missão de Paz, e ainda não sabemos quantos [haitianos] podem estar espalhados pela cidade", afirmou a secretária.
Ainda de acordo com ela, "haitianos disseram que saíram em aviões da FAB de Brasileia (AC) para Porto Velho (RO), onde receberam passagens de ônibus para São Paulo e outros estados". Eloisa afirmou ainda que o alvo da possível ação é o governo do Acre, mas pode se estender a Rondônia.
"Temos precedentes já julgados pela Corte Europeia de Diretores Humanos. Há uma cláusula que diz que um país deve avisar o outro quando há um grande deslocamento de pessoas. O nosso objetivo é que haja responsabilização do governo do Acre em face dessa violação da dignidade dessas pessoas", disse.
A secretária afirmou que terá uma reunião sexta-feira (25) à tarde com autoridades do estado e de outras instituições para saber como proceder.
Abrigo
Eloisa Arruda visitou nesta quinta-feira (24) a paróquia Nossa Senhora da Paz, no bairro do Glicério, região central da capital, onde estão abrigados cerca de 200 haitianos. No local, eles dormem no chão, improvisando colchões com cobertas e outros pertences.
Quarta-feira (23), ela já havia chamado de "irresponsável" a conduta do governo do Acre ao facilitar a vinda de 400 haitianos para São Paulo nos últimos 15 dias. Para ela, existe um risco real dos imigrantes do Haiti serem aliciados para trabalho escravo ou até mesmo pelo tráfico de drogas.
O acampamento, que é capaz de receber 300 pessoas por vez, está atualmente com 1.200 abrigados. Elite de SP é preconceituosa contra haitianos, diz governador do Acre
Nesta quinta (24), por meio das redes sociais, o governador do Acre, Tião Viana (PT), chamou a "elite paulista" de "preconceituosa".
A crítica é direcionada às declarações da secretária de Justiça do Estado de São Paulo, Eloisa Arruda, que condenou a vinda dos haitianos para São Paulo sem nenhum tipo de aviso prévio.
A secretária do governo Alckmin (PSDB) chamou de "irresponsável" o procedimento do governo acriano de facilitar o deslocamento de 400 haitianos nas últimas duas semanas.
Em suas páginas em redes sociais, Tião Viana definiu as críticas como "preconceito racial" e parte de um processo de "higienização".
"Como é que a elite paulista quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização?", escreveu o petista.
Segundo o governo do Acre, em mais de três anos, por volta de 20 mil haitianos chegaram ao estado em busca de ajuda humanitária. O Haiti foi devastado por um terremoto em 2010.
Na Argentina, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta quinta 924), durante a inauguração da Feira do Livro de Buenos Aires, que não existe nenhuma "animosidade" com o governo do Acre.
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