Governo recomenda adiar viagem a Chile e Argentina

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Dois novos casos da influenza A (H1N1), a gripe suína, foram confirmados ontem no Paraná. Com isso, são cinco os pacientes da doença no estado. Todos os doentes foram contaminados fora do país, durante viagens à Argentina (em quatro casos) e ao Paraguai (em um caso). Dois terços dos casos considerados suspeitos no Paraná até esta segunda-feira também eram de pessoas que viajaram a esses dois países.

Ontem, no dia em que o Brasil teve o maior número de confirmações da doença até agora, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, recomendou que idosos com 60 anos ou mais, crianças com até dois anos e pessoas com baixa imunidade adiem viagens ao país vizinho. As viagens ao Chile também foram desaconselhadas. No total, foram confirmados ontem 94 novos casos no Brasil. Com isso, o país passou de 240 para 334 confirmações.

A recomendação do ministério pode vir a ser estendida a outros países com quadros semelhantes aos do Chile e da Argentina. Segundo Temporão, deve haver "prudência e bom senso nesse momento", uma vez que as férias estão chegando, o que aumenta a circulação de turistas brasileiros em países com casos confirmados. A Organização Mundial de Saúde não está restringindo viagens.

O presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem do Paraná (Abav-PR), Antônio Azevedo, aponta que nesta época os brasileiros vão ao Chile e Argentina atraídos pela neve. Até agora houve um baixíssimo índice de cancelamento de viagens, diz Azevedo. Ele completa, porém, que a orientação do ministro irá causar impacto nas vendas.

O cônsul geral adjunto do Consulado do Brasil na Argentina, Alexandre Silveira, verifica que não houve diminuição de visitantes brasileiros e, sim, o contrário: "Não teve diminuição. Nesse feriado de Corpus Christi tinha gente aos montes", disse. O consulado não soube dar números, porém.

Pânico

Passageiros que desembarcaram ontem no Aeroporto Afonso Pena vindos da Argentina falaram que não há motivo para pânico. Uma minoria usava máscara. "Tenho mais medo da gripe comum do que da gripe suína", disse o vendedor japonês Walt Ninami, 44 anos.

Segundo os passageiros, a Argentina está seguindo os cuidados. O curitibano Marco Antônio Konopacki, 25 anos, que chegou ontem de viagem, lembrou que passou por um medidor de temperatura no aeroporto argentino para verificar se estava com febre.

Os passageiros que chegaram ontem a Curitiba, vindos nos voos da Gol e da Tam, não preencheram a Declaração de Saúde do Viajante (DSV), documento sobre o estado de saúde. As companhias têm até sexta-feira para se adequar, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e passarem a fazer com que os passageiros preencham o documento.

Dúvida

A infectologista Heloísa Ihle Garcia Giamberardino diz que, para as pessoas que pensam em viajar para países com maior número de casos da doença, o importante é ponderar a situação. Segundo ela, pessoas com maior risco e complicações devem pensar melhor.

O agente de turismo Ítalo Fantinato, proprietário da IAF Turismo, diz que todo dia atende clientes com dúvida sobre viagens e orienta os passageiros a irem, argumentando que em nenhum outro país há alarde tão grande quanto no Brasil.

Floriano Xavier Menezes, proprietário da BMP Turismo, afirma que não proibiu nenhum cliente de viajar, mas recomenda, com relação à Argentina, que o passageiro aguarde um pouco mais e adie a viagem. Já o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, amplia a recomendação de restrição também ao México, Estados Unidos e Canadá.

Paraná

Um dos novos casos anunciados ontem no Paraná envolve uma jovem que retornou da Argentina no dia 10 e reside na região de Toledo. O segundo caso é de um paciente adulto, de um dos municípios da regional de saúde de Pato Branco, que retornou de viagem do Paraguai no dia 12 de junho. Há ainda 27 suspeitos, nove em monitoramento e 82 descartados.

Colaborou Franco Fuchs

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