O governo do Paraná decidiu investir R$ 1 bilhão – dinheiro que conseguiu com o chamado ajuste fiscal – em obras rodoviárias em 2016 e reservou quase a metade disso, R$ 480 milhões, para aplicar em duplicações e outras melhorias em estradas que pretende pedagiar. O maior valor se refere ao Contorno de Londrina, que deve consumir R$ 107 milhões no ano que vem. A rodovia proposta ainda não existe e irá substituir o contorno que deveria ser feito pela concessionária Econorte (a obra será trocada por outras, veja mais na reportagem desta página). O novo contorno fará parte do lote de pedágio na PR-445. Outros trechos que o governo quer conceder à iniciativa privada estão na PR-280, na PR-092, na PR-317 e na PR-466.
Veja no infográfico os novos lotes de rodovias pedagiadas no estado
O valor de R$ 1 bilhão em rodovias consta da proposta de orçamento 2016 enviado para a Assembleia Legislativa há algumas semanas. Do total, R$ 874 milhões devem sair dos cofres do governo, que receberam aporte de verbas do Detran e também do chamado imposto sobre os combustíveis, a Cide. Os outros R$ 134 milhões são esperados de um contrato de financiamento ainda não firmado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Nova rodovia fará o Contorno de Londrina
Uma antiga reivindicação, o Contorno de Londrina, pode finalmente ganhar forma em 2016.
Leia a matéria completaA Gazeta do Povo procurou a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (SEIL) para buscar o detalhamento das obras previstas e entender os critérios para a definição dos projetos, mas apesar do prazo de 10 dias, nenhuma entrevista foi concedida. O governo se manifestou apenas por meio da assessoria de imprensa, que informou que as obras fazem parte dos estudos do Programa Estadual de Recuperação e Conservação do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que anualmente faz levantamento para saber as demandas de melhorias na malha rodoviária. Ainda de acordo com o governo, os investimentos estão sendo programados em rodovias de grande movimentação de veículos.
Inédito
O modelo de pedágio a ser implantado em 2016 é inédito no Paraná. É chamado de concessão com subsídio. Ou seja, o governo faz um investimento para que as tarifas sejam menores. As obras não serão licitadas e executadas pelo governo. O dinheiro será repassado para que as novas concessionárias realizem as obras. A licitação de cinco novos lotes de pedágio está prevista para o ano que vem. A convocatória para as empresas que querem administrar as rodovias será feita em novembro. As interessadas é que farão os projetos de engenharia. Os locais das praças de pedágio ainda não estão definidos.
Os cinco
O Paraná estuda criar cinco novos lotes de pedágio, que juntos totalizam 1.380 quilômetros de rodovias. O Anel de Integração, que compõe o atual sistema de rodovias pedagiadas, tem 2.500 quilômetros. Alguns dos novos trechos selecionados iam virar PPPs – parcerias público-privadas, em que empresa e governo arcam com os investimentos. Contudo, o governo desistiu dos projetos porque considerou que as obras ficariam muito caras, levando a tarifas altas.
Outros trechos
No pacote de R$ 1 bilhão, estão ligações rodoviárias que não são asfaltadas. Das quatro cidades do Paraná que não têm acesso pavimentado, Mato Rico e Coronel Domingos Soares podem deixar de “comer poeira”. Não há previsão de investimentos para os acessos a Guaraqueçaba e Doutor Ulisses. No pacote também estão algumas são obras já em andamento, como a Rodovia da Uva, entre Curitiba e Colombo, e a ligação entre Piraquara e Pinhais.
Turbinado
Em números absolutos, a Secretaria de Infraestrutura e Logística é a que mais deve ter o orçamento inflado em 2016. Como a Gazeta do Povo mostrou no início do mês, a destinação de verbas vai dobrar – passando de R$ 997,88 milhões para R$ 2,1 bilhões, sendo R$ 1 bilhão em investimentos.
Encruada
O governo esperava que as obras de duplicação da PR-323, no Noroeste, estivessem a pleno vapor em 2015, mas a licitação para escolher a empresa que administraria o trecho pedagiado foi realizada há mais de um ano e nada saiu do papel. Uma série de entraves está atrasando o projeto da construtora Odebrecht – que encabeça o consórcio junto com outras três empresas, está envolvida na Operação Lava Jato e não consegue o dinheiro para a obra. Do pacote de R$ 1 bilhão em obras rodoviárias para 2016, R$ 100 milhões iriam para a contrapartida da obra. O governo também separou R$ 11 milhões para começar a duplicação, caso a empreiteira não consiga tocar o projeto.
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