O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) afirmou hoje que não tomará "medidas radicais", mas enviará a Força Nacional ao Mato Grosso do Sul, onde um índio terena foi morto na semana passada durante reintegração de posse da fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 72 km de Campo Grande. Hoje, em novo confronto na região, um indígena foi baleado nas costas após invasão de área da fazenda São Sebastião, na mesma região.
"É muito importante que nessa hora se busque colocar a mensagem que o radicalismo não resolverá o problema", disse Cardozo. "Não é com radicalismo, de lado a lado, tentando apagar uma fogueira com álcool que nós vamos resolver uma situação que infelizmente se acumula na história brasileira", completou.
A Justiça deu prazo até amanhã às 9h para que os índios deixem a área da fazenda Buriti, invadida novamente na sexta-feira após o confronto com policiais. O governo está dividido entre pagar multa milionária e a retirada dos índios.
Segundo a AGU (Advocacia-Geral da União), a decisão judicial afirma que o governo será obrigado a pagar R$ 1 milhão ao dia em multa caso não desocupar a terra. A Funai no Estado também terá que pagar R$ 28 mil.
A AGU ingressará com recurso até na manhã de amanhã pedindo mais prazo à Justiça para garantir "uma desocupação pacífica"."Estamos obrigados [a cumprir] as ordens judiciais, mas é muito importante que possamos [buscar] o diálogo, o entendimento pois só dessa forma conseguiremos fazer que o direito de todos sejam respeitados", disse o ministro.
Em entrevista, Cardozo afirmou que conversou por telefone com o governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), enquanto recebia visita de parlamentares do Estado na tarde de ontem.
Demarcações
O ministro afirmou que o governo não "pretende tirar o protagonismo da Funai (Fundação Nacional do Índio) na demarcação de terras indígenas".
Segundo ele, o ministério está "trabalhando em um conjunto de normas que visam aperfeiçoar o processo de demarcação, e não enfraquecer a Funai ou fazer concessões a quem quer que seja", disse.
"Há muita confusão. Há pessoas tirando conclusões e avaliações antes desse [conjunto de normas] ser [feito]. "Estamos tentando ter mais informações para ter menos judicialização e menos conflitos", disse.
"Se não divulgarmos com exatidão eu acabo [colocando] querosene numa fogueira. A Funai tem um papel importantíssimo e continuará tendo nas demarcações."
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