Administrar os horários é missão inglória para os foliões que passam o carnaval em Salvador. Apesar das constantes ameaças de punição, por parte da prefeitura, os horários dos desfiles são invariavelmente alterados, tanto pela direção dos próprios blocos, interessada em explorar melhor a presença das equipes de TV pelos circuitos, quanto por problemas diversos nos trios, bastante comuns. Os visitantes também sofrem com o trânsito caótico nos arredores dos circuitos de carnaval, que atrapalham qualquer planejamento, e com as multidões que se formam nas vias adjacentes às usadas pelos trios - muitas vezes intransitáveis até por quem está a pé.

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Os percalços causam cenas interessantes pelas vias que circundam os circuitos. É comum, por exemplo, ver pessoas perambulando pelas vias, em grupos, sem saber onde está o bloco para o qual têm ingresso (o abadá). "Acontecia toda vez, por mais que a gente se programasse", conta o economista paulista Luiz Antonio Campos, de 25 anos, pelo quarto ano seguido no carnaval de Salvador, com a turma que conheceu na faculdade. "Pelo menos em um dia (da festa) a gente acabava perdido, procurando o bloco".

Foi por causa de uma situação semelhante ocorrida no ano passado que Campos descobriu que a posição dos trios já estava sendo rastreada via satélite. "Vi um monitor, no camarote em que a gente estava, no qual dava para ver a localização dos trios", conta. "Depois, ficamos sabendo que o aplicativo podia ser baixado (gratuitamente) no celular - e agora todo o grupo tem".

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O sistema, desenvolvido pela Sascar, consiste na instalação de aparelhos de rastreamento por GPS nos principais trios da folia e no cruzamento de dados de satélites. E, no caso dos usuários do sistema em Salvador, nem é preciso ter pacote de dados contratado com a operadora de telefonia para acessar as informações: a maior parte dos principais circuitos conta com rede de transmissão de dados gratuita via WiFi.

A tecnologia também auxilia a manutenção da segurança nos circuitos do carnaval de Salvador. Pelos três principais - Dodô (Barra-Ondina), Osmar (Campo Grande) e Batatinha (Pelourinho) -, há 115 câmeras, com as quais equipes da Secretaria de Segurança Pública e da prefeitura monitoram as vias 24 horas. Ao mesmo tempo, um sistema de GPS informa onde estão, em tempo real, as viaturas policiais e os trios elétricos durante a festa.

Parte das equipes de policiais espalhados pelos circuitos, compostas por 15 homens cada, também leva um rastreador GPS e é monitorada em tempo real. Todo o sistema é abastecido por uma rede de 27 quilômetros de fibra ótica. "Com a integração das informações, podemos acompanhar cada movimentação nos circuitos e, em caso de necessidade, acionar as equipes mais próximas", explica o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa. "Isso dá mais velocidade às operações e minimiza a chance de ocorrer distúrbios maiores".