O ex-delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto, que até julho comandava a Polícia Civil do Paraná, negou qualquer relação com o esquema de corrupção denunciado na quinta-feira pelo Grupo Especial de Atuação no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Quatro delegados e 16 policiais civis foram denunciados, acusados de usar a Delegacia de Furtos e Veículos (DFRV) para cobrar propina de donos de autopeças.
Michelotto foi mencionado pelo Gaeco por conta de ligações telefônicas interceptadas com autorização da Justiça. Alguns telefonemas do delegado Gérson Machado um dos denunciados sugerem o envolvimento da cúpula da Polícia Civil na rede de corrupção. O ex-delegado-geral, no entanto, afirma que Machado o citou nas conversas com a intenção de incriminá-lo.
"Isso foi galhardia dele para me atingir (...). O Gérson Machado é um inimigo meu dentro da polícia", disse Michelotto.
O ex-comandate da Polícia Civil ressaltou que, por duas vezes, a Justiça indeferiu os pedidos de mandado de busca e apreensão feitos pelo Gaeco que queria vistoriar a casa e o gabinete de Michelotto porque não havia indícios da participação dele nos crimes investigados.
"Nenhuma conversa interceptada do aparelho de telefone do delegado Marcus Vinícius Michelotto forneceu algum dado capaz de conduzir à conclusão de que participa do suposto esquema criminoso da DFRV", consta do texto assinado pelo juiz César Maranhão de Loyola Furtado, da Vara de Inquéritos Policiais, que indeferiu os pedidos. O juiz acrescenta que as menções ao então delegado-geral são "inconclusivas" e que podem ter partido de "intrigas internas da Polícia Civil".
Em entrevista ao G1, Machado retificou as afirmações que constam dos grampos. "Em momento algum eu fiz qualquer denúncia no papel contra o delegado geral ou contra o divisional", disse.
Leia na edição da Gazeta do Povo deste sábado (17) uma entrevista com ex-delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, sobre a Operação Vortex.