Bancários reclamam da falta de segurança
Um grupo de bancários realizou uma manifestação, em frente à agência do Unibanco, na esquina das avenidas Marechal Floriano Peixoto e Marechal Deodoro da Fonseca, no Centro de Curitiba, por volta das 8 horas de ontem. Com faixas de protesto, cerca de 25 funcionários de vários bancos reclamaram da falta de segurança e das más condições de trabalho. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, o Unibanco foi escolhido por ser a instituição que menos oferece segurança aos funcionários e clientes.
Correios e lotéricas reclamam
Os sindicatos dos Trabalhadores nos Correios (Sintcom-PR) e dos Empresários Lotéricos do Paraná (Sinlopar), também reivindicam mais segurança. De acordo com o secretário geral do Sintcon, Nilson Rodrigues dos Santos, os assaltos às agências dos Correios não param de crescer. Em 2003, foram registrados 12 assaltos. Já em 2006, o número saltou para 86 sete vezes mais. "Em 2007, caiu para 53 assaltos, mas só neste ano já foram 38. A queda se deu porque em algumas agências foram instaladas portas giratórias. Precisamos, também, de detectores de metais e segurança armado em todas as filiais", diz Sanderson.
O vice-presidente do Sinlopar reivindica a cooperação da Caixa Econômica Federal no financiamento dos aparatos de segurança que, segundo ele, são todos sustentados por empresários lotéricos. "Em média, são 12 assaltos todo o mês", diz.
A assessoria de imprensa dos Correios de Curitiba informou que a instalação de detectores de metais e portas giratórias atrapalharia a movimentação nas agências, "pois todas as encomendas teriam de ser revistadas". A assessoria informou ainda que todas as agências têm algum tipo de dispositivo de vigilância. A reportagem não conseguiu contato com a direção da Caixa. (MPM)
Duas pessoas mortas, 11 roubos nas proximidades e assaltos em agências bancárias incluindo um arrombado na grande Curitiba. Desde 1º de agosto, a capital do Paraná registrou um terço dos assaltos a agências e clientes de bancos no país, segundo a Confederação Nacional dos Bancários. Por isso a categoria iniciou ontem manifestações para denunciar a falta de segurança no setor. O protesto começou na frente da agência do Unibanco, na esquina das Marechais Deodoro e Floriano (leia matéria nesta página).
Segundo o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o número de casos de assaltos a agências bancárias e nas imediações aumentou muito a partir de julho por deficiência na segurança dentro e fora dos bancos. A "paradinha" da saída de banco (gíria dos bandidos), tirou a vida, por exemplo, da pró-reitora de pesquisa e pós graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Maria Benigna Martinelli de Oliveira, em março deste ano.
A pró-reitora não foi a primeira vítima e o crime se repete na cidade. A última foi o ítalo-brasileiro Florelino Ranghetti, 43 anos, que sacou R$ 3.475 na agência do Banco do Brasil, Alto da XV, e se dirigiu a um ponto de ônibus. Ele foi morto na calçada. O alvo era o dinheiro, mas ele resistiu e foi baleado. Entre os dois casos, há outros mortos e feridos, além do medo de clientes e bancários com o aumento da violência.
Segundo o delegado Luiz Carlos de Oliveira, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, os bandidos usam olheiros que ficam dentro das agências, observando o movimento e passando informações por telefones celulares para assaltantes que ficam do lado de fora, em motocicletas.
Oliveira explica que o sujeito pega uma senha e fica observando as transações dos clientes. Se for preciso, pega outra senha e continua dentro da agência, até alguém sacar uma quantia alta. "Então, ele acompanha a pessoa, dá a dica para os outros, dizendo inclusive onde o cliente colocou o dinheiro. Em seguida, os ladrões seguem a vítima até onde for necessário", conta o delegado. Como a dica dos olheiros é perfeita, cheia de detalhes, algumas vítimas desconfiam dos funcionários de bancos. Muitas estão voltando à agência para ameaçar os bancários, achando que eles estão passando as informações para os bandidos.
O delegado lembra ainda que o motoqueiro tem facilidades para cometer este tipo de crime, por isso a polícia vai iniciar em breve a Operação Garupa. "A meta será abordar motoqueiros e caroneiros, com revistas e identificação", disse.
O objetivo é tentar reduzir pela metade esses crimes e outros assaltos praticados por motoqueiros, como já foi feito em São Paulo. "O uso do capacete dificulta a identificação e a moto permite ao ladrão agilidade para se deslocar e acompanhar a vítima", justifica Oliveira.
O Sindicato dos Bancários informa que o risco de assalto nas imediações de bancos aumenta no início de mês, depois dos feriados e às segundas-feiras, dias em que as agências ficam lotadas, mas não há um monitoramento real dentro e no entorno dos bancos.
Assaltos
Uma quadrilha especializada em assaltos a banco realizou pelo menos quatro roubos desde o mês passado na grande Curitiba. Segundo o delegado-operacional do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) Renato Bastos Figueiroa, a quadrilha que assaltou as agências do Bradesco no Tarumã, em Pinhais e no Alto Maracanã, em Colombo, já foi identificada. "É gente de fora e daqui. Estamos para prendê-los."
O delegado informa que já foram presos 15 assaltantes de banco neste ano. "Há cerca de 90 dias, foi elucidado o roubo do Banco do Brasil de Matinhos, no litoral do Paraná. Seis pessoas foram presas. Eles levaram R$ 900 mil. A Justiça está recuperando o dinheiro usado na compra de imóveis e automóveis", afirma.
Os delegados e a diretoria do Sindicato dos Bancários, criticam o sistema de câmeras dos bancos. "Os bancos precisam investir em segurança. As imagens das câmeras são de péssima qualidade e não ajudam a investigação. Não dá para falar de um banco só, a situação é geral", disse Figueiroa. Já o delegado Oliveira criticou o sistema de câmeras do Banco Itaú. A crítica foi corroborada pelo sindicato.
A Federação Brasileira do Bancos (Febraban) e o Banco Itaú não comentaram os fatos, nem as reclamações dos policiais e dos bancários. A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) também não se manifestou sobre o assunto.
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