Bandidos usaram dinamite para roubar um caixa eletrônico localizado dentro de um shopping automotivo no bairro Tarumã, em Curitiba, ontem de manhã. Na explosão, duas funcionárias da equipe de limpeza ficaram feridas. A quadrilha fugiu levando dinheiro do terminal, além de duas armas e dois coletes balísticos de seguranças. Segundo o Sindicato dos Vigilantes (Sindivigilantes), foi o nono ataque a caixas eletrônicos com explosivos registrado neste ano na capital e região metropolitana (RMC).
Por volta das 8h20, três homens armados renderam o porteiro do Auto Shopping Curitiba, que fica na Linha Verde, e entraram no prédio. Lá, funcionários e dois vigilantes da empresa Proforte, que fariam a retirada do dinheiro do terminal eletrônico, também foram dominados pelos bandidos. Em uma ação rápida, eles colocaram uma carga de explosivos junto ao caixa eletrônico e detonaram o artefato. A explosão foi gravada por câmeras de segurança, que mostram as vítimas e os suspeitos se jogando ao chão, antes da detonação.
Duas funcionárias, de 33 e 44 anos de idade, ficaram levemente feridas: uma foi atingida por estilhaços e outra teve o ombro deslocado na queda. Da entrada do grupo no shopping à fuga, foram cerca de 2 minutos e 20 segundos.
Prejuízo
Segundo Adriano Barbosa, advogado do shopping, pelo menos seis carros que estavam expostos foram seriamente danificados, mas vários outros veículos tiveram avarias menores, como riscos e pequenos amassados. O valor levado pelos bandidos não foi informado.
"O grupo investe em mecanismo de segurança, como câmeras e monitoramento eletrônico. Entretanto, o que aconteceu foge à razoabilidade. Foi uma ação ousada", definiu. Segundo Barbosa, em novembro do ano passado, o shopping havia solicitado ao Bradesco a retirada do terminal eletrônico do estabelecimento.
O mais curioso é que, oito horas antes, a revenda havia sofrido um outro ataque, provavelmente da mesma quadrilha. Por volta das 23h30 de domingo, assaltantes dominaram um funcionário e foram direto no caixa eletrônico. A carga de explosivos usada nesta ação, no entanto, não foi suficiente para arrebentar o compartimento que guardava o dinheiro. A primeira ação foi registrada pela Polícia Militar. "O que se espera é que o caso seja solucionado", disse o advogado.
Em 2011, 49 terminais foram roubados na RMC
A Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) de Curitiba acredita que mais de uma quadrilha esteja praticando os roubos a caixas eletrônicos na região.
O delegado Guilherme Rangel diz que o uso de dinamite nos assaltos se tornou mais comun a partir da metade do ano passado, depois que um lote de explosivos foi roubado do paiol de uma pedreira, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana da capital.
Desde então outras cargas de dinamite foram levadas de pedreiras em Campo Magro, na Grande Curitiba, e de Joinville (SC). "Um dos problemas é que os bancos lucram bilhões por ano, mas não investem em segurança", critica.
Segundo o Sindicato dos Vigilantes (Sindivigilantes), 49 caixas eletrônicos foram alvo de ataques em 2011 em Curitiba e região metropolitana. "Na grande maioria dos casos, os terminais foram explodidos", afirma o presidente do sindicato, João Soares.
Rangel diz que a polícia analisa as imagens do sistema de segurança do shopping e aguarda laudos da perícia feitos no local.
Convênio
Uma das pistas deve surgir a partir da identificação da origem do explosivo junto ao Exército, que é o órgão que fiscaliza a compra e a venda de explosivos no país. Soares sugeriu que a Secretaria de Segurança Pública firme um convênio com as Forças Armadas para ter acesso mais ágil a esse banco de dados. Isso, segundo ele, facilitaria o trabalho da polícia.
"Outros estados, como Santa Catarina, já mantêm esse tipo de convênio. Como o Exército cadastra os explosivos, essas informações poderiam até ajudar nas investigações", afirma.