Escravizados
Além dos baixos salários e da clandestinidade, os imigrantes bolivianos enfrentam o risco de serem escravizados um risco que também sofrem os trabalhadores brasileiros sem qualificação. Em 2013, pelo menos 220 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo no estado de São Paulo, em fábricas têxteis, construção civil, carvoarias e lavouras. Dessas 220 pessoas, 82 eram imigrantes.
O número de imigrantes bolivianos na Grande São Paulo pode chegar a meio milhão, segundo dados não-oficiais da comunidade estabelecida na cidade. Com isso, as condições precárias de trabalho têm ficado cada vez mais expostas, como na segunda-feira passada, quando um boliviano tentou vender dois jovens compatriotas por R$ 1 mil cada em uma feira no Brás, região central de São Paulo, após recusarem o trabalho oferecido pelo agenciador.
Esses jovens incrementam a estatística do Centro de Apoio ao Migrante (Cami), que mostra que o fluxo de imigrantes daquele país segue alto: por ano, entram no país 40 mil bolivianos. Os dados oficiais do Consulado da Bolívia dão conta de que "apenas" 340 mil vivem na região.
Movimento cujo início remete à década de 1990, à entrada de bolivianos soma-se o recente ingresso no país de dezenas de milhares de haitianos, que também formam parte da mão de obra não qualificada absorvida pela indústria têxtil e pela construção civil, explica o agente social Antônio Marcos de Oliveira, do Serviço Pastoral do Migrante, no bairro do Ipiranga.
Roque Pattussi, coordenador do Cami, afirma que essa imigração boliviana, embora cresça, é "flutuante". Existem milhares deles que, após trabalhar em São Paulo por alguns anos, retornam à Bolívia com as economias. "Uma grande parte, contudo, fica na cidade. Eles acabam se casando, muitas vezes dentro da comunidade, têm filhos e não vão embora", diz ele. Vivem ainda na Grande São Paulo 70 mil paraguaios e 17 mil peruanos, segundo números oficiais dos consulados dos dois países e referentes a 2013.
Trabalho nas confecções
O pastor evangélico e jornalista boliviano Zacarias Saavedra, que vive há nove anos no Brasil, diz que atualmente o valor de cada peça de roupa feita por um costureiro boliviano custa R$ 3 e é dividida em três partes iguais de R$ 1: uma fica com o trabalhador, outra com o dono da fábrica e a última para pagar a comida da casa. "Quem compra as roupas são as grandes, médias e pequenas confecções e varejistas brasileiras, bem como os lojistas coreanos. Quem faz a intermediação das negociações é um comerciante terceirizado pelas grandes varejistas", diz Saavedra, que cuida da comunicação social do Cami. Em dezembro de 2013 a Cami coordenou uma manifestação pacífica no centro de São Paulo com a participação de milhares de imigrantes, a maioria latino-americanos.
"Uma grande varejista brasileira pode pagar R$ 10 por uma peça, mas o pequeno comerciante, brasileiro ou coreano, paga R$ 3 ou R$ 4", diz.
Segundo estimativas do Cami, essas roupas, que depois de produzidas são vendidas nas lojas de departamentos e shopping centers do Brasil inteiro, além de até serem exportadas para os Estados Unidos e a Europa, são fabricadas em 18 mil a 20 mil pequenas confecções na Grande São Paulo. A maioria trabalha até 18h diárias e ganha entre R$ 460 e R$ 600 mensais, embora tenham alimentação e moradia gratuita, uma vez que os trabalhadores costumam comer e dormir nas próprias fábricas.
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