Gravações obtidas pelo Ministério Público (MP) de São Paulo, com autorização da Justiça, mostram os presos da facção que age dentro e fora dos presídios paulistas negociando armas e drogas com o Paraguai e a Bolívia. De acordo com as investigações, de dentro da penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau, no interior paulista, Marco Herbas Camacho, o Marcola, considerado o chefe da quadrilha, determinou que os comparsas comprassem drogas em países vizinhos através de criminosos que estão nas ruas e vivem em cidades perto das fronteiras.
Um dos áudios é de uma conversa entre um integrante conhecido como Tio Pec, preso em Guarulhos, na Grande São Paulo, e um criminoso chamado Renato, solto.
"Com os irmão da geral do Paraná, com os irmão da geral do MS (Mato Grosso do Sul), para dar uma atenção redobrada na fronteira, entendeu irmão?", diz Tio Pec.
"Isso mesmo", diz Renato.
"Colocar os irmão naquele lado específico que você me passou. Eu já fiz com Cacéres (MT) também que é nossa divisa com a Bolívia, fiz ali também pro lado de Corumbá (MS)", finaliza Tio Pec.
O mesmo preso, segundo o MP, trocou e-mails com um criminoso chamado Augusto, que vive na Bolívia. Na mensagem, o último informou que as atividades naquele país iriam ficar paradas por uns 10 dias, por causa de uma operação do exército boliviano.
Tio Pec ainda aparece negociando com um fornecedor de drogas do Paraguai uma encomenda de Marcola, que queria comprar quilos de cocaína.
"Quanto que ele quer comprar à vista?", pergunta Capilo, o fornecedor.
"Ele tem dinheiro de 50 (50 kg) ele falou", diz Tio Pec.
"Fala que eu vou mandar 100 (100 kg) pra ele", acrescenta Capilo.
Numa outra gravação, a facção aparece falando do uso de um avião para ir de uma fazenda no Paraguai até a Bolívia.
"De Ponta Porã você ia entrar num ônibus e ir até Pedro Juan (Paraguai). De Pedro Juan ele ia pegar a fazenda, pegava você, ia pra fazenda dele, como ele fez com todos os irmão (sic) que foram lá (...) ele botava o avião dele particular e ia bater lá dentro da Bolívia lá", diz Tio Pec.
O Ministério Público também descobriu que a quadrilha negociava armas em países vizinhos.
"Aqui tem 91 "f", 310 "p" mais 40 "p" lá.", diz um integrante do bando, em referência à compra de fuzis, carregadores e pistolas.
Uma gravação divulgada ontem pelo Ministério Público de São Paulo mostrou que a principal facção criminosa que atua no estado conta com a colaboração de membros da própria Polícia Militar no tráfico de drogas. Em uma ligação, feita de dentro de uma delegacia de polícia de São Paulo, um policial militar explicou a um traficante que estava com dificuldades de libertar uma mulher, presa com uma carga de cocaína, que integrava a quadrilha. No telefonema, feito de um celular da corporação, o policial militar se ofereceu, inclusive, para transportar a droga para o traficante em um veículo da corporação.
"Eu sou policial militar também. Eu 'colei' nela (mulher), já sei que a lojinha (ponto de venda de drogas) é dela e já deixei uma linha direta para quando ela quiser fazer um transporte (de drogas), fazer uma coisa segura e com quem confia, entendeu?", afirmou.
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