A grávida de 5 meses atingida por uma bala no abdome na madrugada do dia 14, durante um assalto a um posto de combustíveis no Centro de Curitiba, está em casa. Patrícia Cabral da Silva, 22 anos, recebeu alta dos médicos do Hospital Evangélico na noite do último domingo, mas o estado de saúde dela, que trabalha como caixa do posto assaltado, ainda é preocupante. "Minha gravidez virou de risco depois disso tudo. Estou sentindo muitas dores", explica Patrícia, que vai ficar de repouso completo por orientação médica até ganhar a criança.

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Por causa desse risco, os médicos que atenderam Patrícia optaram por não retirar o projétil, que está alojado acima da bexiga. A bala – que passou à distância de 3 milímetros do feto, a seis centímetros do coração de Patrícia e atravessou o abdome, fazendo com que metade do intestino grosso tivesse que ser extraído por cirurgia – só será retirada quando Patrícia fizer a cesariana, provavelmente em setembro. "O medo maior é de que a bala infeccione dentro de mim", teme.

Ontem o dia foi de visitas na casa em que Patrícia mora, em Araucária, região metropolitana de Curitiba. Três amigas de trabalho foram no fim da tarde ver como ela estava. "Agora estamos todas preocupadas. Qualquer um que entra no posto a gente tem medo de ser ladrão", explica Elizângela Xavier Cotrin, 26 anos, que trabalha há sete meses no caixa do posto no mesmo horário que Patrícia: das 23 às 7 horas. Dois meses antes do roubo que feriu a colega, Elizângela já havia sido vítima de assalto, quando levaram aproximadamente R$ 500 do caixa.

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Um dia antes do assalto, no Dia das Mães, Patrícia chegou a comentar com a mãe Otília Santos Cabral da Silva, 47 anos, que temia que algo acontecesse no seu turno de trabalho. "Eu sonhei que estava saindo do posto em uma ambulância, um dia antes, e pedi para minha mãe que cuidasse da minha filha (Ana, de 4 anos) se acontecesse alguma coisa ruim", diz.

Sobre o bebê, que será uma menina, Patrícia já escolheu o nome: Angelina, da mesma forma que a avó materna. "Assim como a minha vó, que sempre lutou e sustentou minha família por um tempo, minha filha já é uma guerreira", diz.

Reconhecido

Sobre o crime – os dois ladrões que participaram da ação levaram o cofre do posto com R$ 30 mil –, Patrícia afirma ter certeza de que o autor do disparo que a feriu é Thiago dos Santos Florão, 18 anos, detido por policiais militares na última quinta-feira, na Vila Oficinas, no Cajuru. "Quando vi a foto dele, usando boné, comecei a chorar. Nunca na minha vida vou esquecer aquele rosto", ressalta.

Ao ser preso, Florão – que responde por 14 processos de quando ainda era adolescente no Rio Grande do Sul – portava documento falso, uma pistola 9 milímetros e um carregador de pistola 380. Os outros assaltantes, que segundo Patrícia usavam um capuz no rosto no momento do crime, ainda não foram identificados e continuam foragidos.

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