Os funcionários da Cavo, empresa responsável pela coleta de lixo e limpeza das ruas de Curitiba, voltaram ontem ao trabalho depois de mais de 24 horas de paralisação. Eles aceitaram a proposta de reajuste de 8,5% nos salários, mas dizem que podem parar novamente no fim do mês, caso outras reivindicações feitas à empresa não sejam atendidas. Cerca de 1,2 mil toneladas de lixo deixaram de ser recolhidas em Curitiba durante a greve, que começou na manhã de quinta-feira. Ontem, o lixo se acumulava em algumas ruas da cidade, principalmente na área central.
A previsão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente é que a coleta seja normalizada até o início da próxima semana. O serviço recomeçou no início da noite de ontem, durante o plantão noturno, quando 84 equipes de trabalho voltaram para as ruas. Segundo a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias, nas regiões da cidade em que a coleta é alternada (é feita às segundas, quartas e sextas-feiras ou às terças, quintas-feiras e sábados) o lixo será recolhido hoje ou amanhã.
Marilza Dias pede à população que não deixe materiais recicláveis nas ruas, para evitar que eles sejam recolhidos junto com o lixo comum e sejam levados para o aterro sanitário. "Pedimos à população que só coloque o lixo reciclável na rua no dia da coleta. Esse material pode ficar armazenado por mais tempo, é mais fácil para ficar guardado, não causa odores e nem problemas de saúde pública", diz. A secretária afirmou ainda que a prefeitura já estava recorrendo a outras medidas para garantir a coleta de lixo, entre elas a contratação de uma empresa em caráter emergencial.
Acordo
Os coletores, motoristas e varredores que estavam em greve decidiram retornar às atividades após um acordo com a Cavo, firmado durante uma audiência de conciliação realizada ontem no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Os grevistas aceitaram a proposta de reajuste mínimo de 8,5% no salário, que já vale para este mês. O valor passará ainda por negociações até o dia 23 de março, quando será finalizada a convenção coletiva de trabalho dos funcionários. Os trabalhadores pediam 20% de reajuste.
Outras 70 reivindicações que estão na pauta, entre elas aumento de 50% nos vales alimentação e refeição, aumento do número de coletores por caminhão, redução da jornada de trabalho. Caso não haja avanço nessas negociações, os trabalhadores dizem que podem voltar a paralisar os serviços. Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação de Curitiba e Região (Siemaco), o ex-vereador e secretário municipal do Trabalho Manassés Oliveira (afastado após as denúncias de caixa dois na campanha do ex-prefeito Beto Richa), a decisão de greve partiu dos trabalhadores e não foi articulada pelo sindicato. "Soubemos do que estava acontecendo pela imprensa. Esta foi uma medida precipitada de pessoas que se achavam líderes", disse.
O caso foi parar no Judiciário por meio de um dissídio coletivo de greve ajuizado na noite de quinta-feira pela Cavo. Durante a audiência de conciliação, que teve a presença da comissão dos funcionários, representantes da empresa e do Ministério Público do Paraná, a desembargadora e vice-presidente do TRT, Rosemarie Diedrichs Pimpão, chamou a atenção dos trabalhadores para os requisitos legais na realização de greves. A Lei nº 7.783/89 prevê anúncio da greve com 72 horas de antecedência e manutenção de um efetivo mínimo em atividade.
Ao invés de determinar o pagamento de multa pelo sindicato, a desembargadora optou pela volta imediata ao trabalho. Caso não houvesse retorno às atividades, o Siemaco estaria sujeito a pagar multa no valor de R$ 100 mil por dia. A prefeitura de Curitiba também notificou ontem a Cavo por causa da greve. A empresa tem o prazo de 48 horas, a partir do momento da notificação, para apresentar seus esclarecimentos sobre a situação e então serem definidas as medidas a serem tomadas. Dependendo dos argumentos apresentados pela empresa, pode ser determinado o pagamento de multa de R$ 15 mil por cada dia de paralisação.
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