Parte dos funcionários de hospitais particulares e filantrópicos de Curitiba estão em greve desde a manhã de ontem. No Pequeno Príncipe, especializado no atendimento pediátrico, cerca de 70% das cirurgias que estavam agendadas foram desmarcadas por causa da falta de enfermeiros e auxiliares.
Segundo o Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc), a adesão no primeiro dia da manifestação ficou dentro do esperado: 30%, em média. Quatro hospitais Pequeno Príncipe, Evangélico, Cruz Vermelha e Nossa Senhora das Graças foram afetados. "Amanhã [hoje], nossa expectativa é que a greve atinja a Santa Casa e o Cajuru e haja envolvimento ainda maior dos hospitais que já estão participando", afirma Natanael Martini, tesoureiro do Sindesc.
Entre as reivindicações da categoria formada por profissionais da área de enfermagem, laboratoristas e de serviços básicos, como limpeza e cozinha e copa , a principal é um aumento de até 28% no piso salarial, além de redução nas jornadas de trabalho de alguns setores e novas contratações. O Sindesc tem 10 ações coletivas sendo seis abertas na segunda-feira pelo descumprimento da convenção da categoria e atrasos salariais.
De acordo com o sindicato, a manifestação não tem prazo para acabar. "Depende de o sindicato patronal apresentar uma proposta melhor. Estamos abertos à negociação, mas queremos que nossa proposta seja levada em conta."
Cirurgias
No Pequeno Príncipe, entre 60% e 65% dos cerca de 700 funcionários aderiram à greve, segundo o Sindesc. A assessoria de imprensa do hospital divulgou um número menor cerca de 30% (210 colaboradores) , mas isso não diminuiu o prejuízo aos atendimentos. O setor mais afetado foi o centro cirúrgico. Dos 14 funcionários, apenas três compareceram ao hospital. Com isso, das 28 cirurgias marcadas para ontem, 20 foram desmarcadas e apenas oito foram realizadas, entre elas um transplante renal, somente porque eram urgentes e não poderiam ser transferidas para outro dia.
"Várias crianças deixaram de ser operadas e também tivemos algumas faltas na UTI. Não queremos parar os atendimentos, mas é difícil prestar os serviços com a capacidade tão reduzida. Neste caso, o problema saiu do plano da manifestação e se tornou um risco para a sociedade", diz André Teixeira, vice-diretor administrativo e financeiro do Pequeno Príncipe. Segundo a assessoria, algumas cirurgias marcadas para hoje de manhã também foram canceladas e serão remarcadas, mas não há previsão de quando o atendimento será regularizado.
Nos demais hospitais mobilizados não houve problemas. No Evangélico e no Nossa Senhora das Graças, cerca de 20% dos funcionários pararam. No Cruz Vermelha, o sindicato divulgou que aproximadamente 40% cruzaram os braços. Os números não foram confirmados pelos hospitais.