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A greve dos servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que se arrasta por quase dois meses, começou a afetar o estoque de medicamentos e materiais em hospitais de Curitiba. De acordo com os hospitais, as indústrias farmacêuticas já repassaram comunicados informando sobre a falta de determinados produtos importados, já que em alguns casos os remédios só devem durar mais três dias. O principal distribuidor de correlatos médicos em Curitiba já listou a falta de materiais essenciais, como o balão intraórtico, imprescindível em cirurgias cardíacas.

No Hospital Erasto Gaertner a principal preocupação são duas drogas utilizadas no tratamento de diferentes tipos de tumor. De acordo com o coordenador do hospital, Flávio Tomasich, atualmente cinco pacientes utilizam esses remédios, mas como eles servem para variados tipos de câncer, o número de pessoas que dependem deles pode aumentar. Prevendo a escassez dos medicamentos, a direção do hospital antecipou a compra e recorreu a estabelecimentos com menor demanda para emprestar o produto, mas mesmo esta medida paliativa está com os dias contados. O estoque só deve durar mais dez dias. "Notificamos o Ministério da Saúde e o Conselho Regional de Medicina porque os pacientes não podem ficar sem os remédios e já sabemos que eles não estão disponíveis no mercado", conta o coordenador.

Outro problema é o atraso nos exames de tomografia. Tomasich explica que o equipamento que imprime os exames estragou e a peça não pôde ser reposta, já que é importada. "Já compramos, mas não conseguimos a liberação", diz. Com isso, os resultados são passados para um CD e o médico precisa analisá-lo na tela do computador, o que atrasa o diagnóstico. Já são 40 pessoas na fila, que antes não existia, e o tempo médio de espera oscila entre 10 e 15 dias.

Nos Hospitais Vita, o abastecimento de um anticoagulante utilizado em cirurgias de risco termina em três dias. De acordo com a farmacêutica responsável pelos dois estabelecimentos, Mariângela Mendes de Godoy, a alternativa será utilizar anticoagulantes com outras concentrações. "O médico terá que adaptar a prescrição para cada paciente", explica. Segundo ela, se a greve continuar até o estoque de medicamentos paliativos, que também são importados, vai acabar.

A greve atinge 60% dos 1,4 mil funcionários da Anvisa que trabalham em portos, aeroportos e fronteiras, responsáveis pela vistoria das cargas que chegam ao país. A principal reivindicação da categoria é a equiparação dos salários dos funcionários novos, contratados por concurso a partir de 2004, com o dos antigos, também admitidos por seleção. A diferença entre os salários-base pode chegar a até R$ 2 mil, segundo os grevistas. A assessoria do Ministério do Planejamento informou que está negociando com a categoria, mas o comando de greve disse desconhecer as reuniões de negociação.

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