A Polícia Civil entrou em greve na manhã desta segunda-feira (17), seguindo determinação da categoria, que decidiu pela paralisação em assembleia na sexta-feira (14). O principal serviço afetado, conforme o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), é a confecção do Boletim de Ocorrência (BO). Carteiras de Identidade também não estão sendo emitidas. Ao longo da paralisação - que é por tempo indeterminado -, os servidores dizem que vão restringir os trabalhos, sendo que somente as seguintes atividades serão realizadas: denúncias de crime contra a vida (latrocínio [assalto seguido de morte], homicídio e desaparecimento), flagrante delito, audiência de custódia e cumprimento de mandato de prisão de outras forças policiais.
Apesar disso, o Departamento de Polícia Civil informa, em nota, “que o atendimento ao público não deverá ser afetado, pois o sindicato se comprometeu em respeitar as normas e as leis vigentes, mantendo o atendimento legal e necessário para o funcionamento das atividades nas delegacias do Paraná.”
Em visita ao 1º Distrito Policial, a reportagem da Gazeta do Povo constatou que ao menos cinco pessoas, em um espaço de vinte minutos, tentaram realizar BO e foram informadas para voltar após a greve. Todos os policiais, escrivães, investigadores e papiloscopistas foram orientados a ir até os seus locais de trabalho para conversar com os cidadãos a respeito da paralisação.
De acordo com André Luiz Gutierrez, presidente do Sinclapol, o atendimento será normal apenas para questões emergenciais e também para pessoas que precisam de tratamento especial: idosos, gestantes ou pessoas com algum tipo de deficiência.
Além dos BOs, não estão sendo realizadas a emissão de Carteira de Identidade, confecção de atestado de antecedentes, perícia no local do crime, termo circunstanciado, oitiva de testemunhas e cumprimento de ordem de serviço de investigação.
Já as delegacias com carceragem também não receberão visitas, sacolas (mantimentos que os familiares levam aos presos) e não realizarão escolta de qualquer natureza.
“A adesão tem sido bastante significativa em todo o estado. Nós temos o dever fundamental da proteção ao cidadão e todos os serviços emergenciais serão realizados, independente da greve. Estamos trabalhando em condição de paralisação parcial”, explica Gutierrez.
Cascavel
Policiais civis de Cascavel, no Oeste, também cruzaram os braços na manhã desta segunda para se integrar à greve deflagrada por várias categorias do funcionalismo público estadual. De acordo com o sindicato da categoria, 70% dos policiais estão parados. A polícia está registrando apenas flagrantes e atendendo casos de homicídios. Durante a madrugada um homem foi morto no bairro Cascavel Velho e equipes estiveram no local para atender a ocorrência. Outros boletins de ocorrências não estão sendo feitos.
No Instituto Médico Legal e Instituto de Criminalística não houve alteração dos trabalhos. Já o Instituo de Identificação está com as portas fechadas e não é possível fazer a carteira de identidade.
Principais bandeiras
A categoria reivindica reposição da inflação nos salários e a negociação de demandas específicas da classe, como a contratação de mais policiais, o fornecimento de coletes à prova de bala, a abertura de concurso e o fim do desvio de função na escolta e guarda de presos em delegacias.
Segundo o Sinclapol, nem todas as 512 delegacias do estado tem um delegado. São apenas 414 trabalhando atualmente. Ademais, o efetivo dos escrivães está em 745 para 1400 vagas; o dos investigadores é de 2.881 para 4.395 vagas; e o dos papiloscopistas é de 317 para 500 vagas.
A pauta também vai em consonância com a greve geral dos servidores da educação, que visa a retirada das medidas enviadas pelo governo do estado à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) que afetam o cumprimento da data-base dos servidores.