Servidores municipais da saúde decidiram, em assembleia na tarde da segunda-feira (2), pela manutenção da greve iniciada nesta manhã. Um ato público está marcado para as 10 horas da terça-feira (3), em frente ao prédio da prefeitura. A categoria reclama de atraso no pagamento de horas extras e reivindica novas contratações, além da elevação do piso salarial.
De acordo com o Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), o segundo dia de paralisação segue os moldes do que ocorreu nesta segunda: atendimento somente em casos de urgência e emergência, conforme determinação do Ministério Público. Pelos cálculos da entidade, pelo menos, 72 das 109 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital registraram paralisação, que chegou a 90% das atividades, na maioria dos casos.
Na prática, explica o sindicato, boa parte dos 7 mil servidores estão nas UBS e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), mas recusam atendimento quando não se trata de urgência e emergência. "Estamos em greve hoje, mas a prefeitura está em greve há muito tempo. Uma escala de trabalho de 24 pessoas que só tem oito trabalhadores, certamente, é uma greve de gestão", resumiu a coordenadora do Sismuc, Irene Rodrigues.
O município contesta os números da categoria. Balanço atualizado da Secretaria Municipal da Saúde, divulgado nesta tarde, aponta a ausência de 4,57% dos servidores. "Naquelas unidades em que houve adesão à mobilização convocada pelo sindicato dos servidores, foram mantidos o atendimento e encaminhamento dos casos agudos, bem como, quando necessário, o reagendamento de casos eletivos. Nas UPAs e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), os serviços operam com capacidade total, conforme recomendação do Ministério Público", informou o município, em nota.
Irene Rodrigues confirmou que a greve não afetou os serviços de urgência e de emergência das unidades básicas de saúde da cidade. "Estamos respeitando a orientação do Ministério Público de atender a 30% dessas demandas", afirmou. "Já os pacientes com consultas de atendimento eletivo exames específicos - estão sendo orientados a reagendar."
Mais de 3 horas para atendimentoNa UPA do Boa Vista, que atende vários bairros de Curitiba, além de moradores de Colombo e Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana, a espera por atendimento passava de três horas, por volta das 18 horas desta segunda. "Estou aqui há 3h30, faz 1h30 que não chamam ninguém que está esperando por médico. Eles não dão informação nenhuma, se tem médico, se não tem", reclamou a vendedora Sandra Ribeiro, 41 anos, que esperava atendimento com um clínico geral, após sentir falta de ar.
Depois de chegar de ambulância, com dores, Antonio Carlos Muzy, 64 anos, esperava por atendimento há mais de 45 minutos. "Ele tem gota, diabetes, está gritando de dor, mas ninguém fez nada ainda. Nem um copo para tomar água tem aqui", reclamou a ex-mulher, Rita Terezinha Muzy, 58 anos.
Funcionárias da UPA, que pediram para não ser identificadas, disseram que o atendimento lento já é rotina no local, que conta com nove servidores de enfermagem para fazer o trabalho de 23. "Um funcionário se reveza em três setores. A farmácia não libera remédio por falta de pessoal para trabalhar. O prefeito ampliou o horário de atendimento das unidades, mas não contratou mais gente", reclamou uma delas. "É revoltante a questão funcional. Estamos atendendo em ritmo lento hoje, a demanda também está menor, por causa da greve. Mas aqui sempre demora de 4 a 5 horas", completou.
Por meio de nota, a prefeitura informou que abriu processo seletivo para os serviços de urgência e emergência da saúde. Segundo o município, a prova foi aplicada no sábado (31). "Também haverá realização de concurso público para reforçar o quadro de servidores da Saúde ainda no primeiro semestre deste ano."
Os hospitais Cajuru, Santa Casa, Evangélico e Hospital de Clínicas não registraram aumento na demanda no pronto-socorro, em decorrência da greve, nesta segunda-feira. Segundo as assessorias de imprensa das instituições, como o atendimento de urgência e emergência nas UPAs e UBS foi mantido, os reflexos não foram sentidos nos hospitais.
ManifestaçãoNa parte da tarde, cerca de 250 manifestantes fizeram uma passeata por aproximadamente 40 minutos, impedindo o trânsito em um dos sentidos na Avenida Visconde de Guarapuava. A Secretaria Municipal de Trânsito esteve no local, realizando desvio do tráfego pela Barão do Rio Branco. Por volta das 16h10, o trânsito já estava normalizado nas imediações do Legislativo. Os servidores se reuniram nas escadarias da Câmara para a assembleia que decidiu pela manutenção da greve.
Para a enfermeira Andreza Gonçalves da Silva, da UBS da Cidade Industrial, que participou do ato, o maior problema é a sobrecarga de trabalho. "Estamos trabalhando no limite. Em turnos em que deveríamos funcionar com oito enfermeiros, às vezes temos apenas dois", diz ela. "Isso acontece porque, com o 'calote', muitos funcionários estão se recusando a fazer horas extras."
ParcelamentoA paralisação foi definida em assembleia dos trabalhadores na última quinta-feira (29) e mantida na sexta-feira (30), após proposta de negociação da prefeitura. A principal motivação seria o R$ 1,5 milhão que a prefeitura deve aos servidores da saúde, segundo o sindicato. Desse valor, R$ 660 mil seriam referentes a 31 mil horas extras não pagas aos servidores. Outros R$ 900 mil são referentes ao reajuste salarial concedido pela prefeitura conforme a inflação.
A secretaria de Saúde diz ter feito o pagamento das horas extras referentes a dezembro no salário de janeiro, depositado na sexta-feira. As demais seriam parceladas em, no máximo, seis vezes a partir deste mês. Já o reajuste salarial deve ser pago em março, retroativo a janeiro e corrigido pela inflação. Na avaliação do Executivo municipal, a greve é injustificada, porque as demandas teriam sido atendidas. Já o sindicato considera a proposta insuficiente, e insiste que o pagamento das horas seja depositado ainda em fevereiro.
No final de 2014, a Secretaria Municipal de Recursos Humanos comunicou aos servidores municipais que os benefícios salariais definidos para diversos cargos pela Lei 14.442/2014, a partir de 1.º de dezembro, foram adiados por decreto municipal. O Sismuc considera o decreto ilegal, e a categoria aprovou greve para exigir o pagamento imediato das divisas.
Rumores de uma reunião entre prefeitura e a categoria foram negados pelo município. Por meio de nota, a secretaria garantiu que "mantém abertos, por meio das secretarias da Saúde e de Recursos Humanos, os canais de diálogo com o sindicato dos servidores".
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