Cerca de 30 mil trabalhadores de coleta urbana de lixo estão de braços cruzados há quatro dias em 130 cidades de São Paulo. Entre os municípios mais afetados pela greve dos garis estão Diadema, Santo André, São Caetano do Sul, além de Guarulhos e Osasco, na Grande São Paulo. Toneladas de lixo se acumulam nas ruas e os moradores reclamam da sujeira, do cheiro e do risco de enchentes.
Ruas do Centro voltam a ficar limpas após fim da greve dos garis
Situação em Curitiba começou a ser normalizada na manhã desta sexta-feira (20). Volta dos coletores de lixo ao trabalho ocorreu a partir das 19 horas de quinta-feira (19)
Leia a matéria completaEm Santo André, a Polícia Militar interveio para que oito caminhões pudessem sair do aterro da cidade. Os veículos trabalharam sob escolta da Guarda Civil Municipal (GCM). O município produz 650 toneladas de resíduos diariamente, mas só foram coletadas cerca de 138 toneladas, do início da greve até as 16h15 de quinta-feira, 26. A estimativa, portanto, é que, pelo menos, 2,1 mil toneladas não tenham sido recolhidas. O resultado é visível nas ruas e calçadas, cheias de sacos de lixo e sujeira.
“A gente já está guardando resto de comida no freezer para não cheirar mal ainda mais”, afirma a vendedora Maria Melo, de 42 anos, que também reclama do aumento de mosquitos nos últimos dias. Já para o estoquista Raul Ribeiro, de 24 anos, a maior preocupação é com a possibilidade de enchentes. “Quando chove, o lixo entope os bueiros e a água entra na casa das pessoas. Alaga tudo.”
Os garis reivindicam reajuste salarial de 11,73%, mas a proposta da entidade patronal é de 7,68%. A audiência de reconciliação, feita anteontem, terminou sem acordo. “Estamos buscando a dignidade dos trabalhadores”, disse Roberto Santiago, presidente da Federação dos Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação Ambiental, Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo (Femaco).
Em Diadema, a prefeitura lançou uma força-tarefa para reduzir os impactos da greve. Durante a manhã de ontem, foram recolhidas 8,4 toneladas de lixo domiciliar. A quantidade, no entanto, é bem inferior à produzida: 230 toneladas por dia.
Moradores da Rua Afonso Pena, no Jardim Promissão, protestaram contra a situação na noite de anteontem, jogando sacos de lixo na rua. O material foi recolhido pela manhã. Ainda assim a sujeira continua espalhada pela cidade. “O lixo está em todo lugar”, reclamou a dona de casa Nice Santana, de 47 anos. O taxista Josimar Silva, de 45, trabalha no centro de Diadema e disse que os montes de sacos de lixo ainda estão organizados, mas vêm crescendo a cada dia.
Em São Caetano, a prefeitura fez telefonemas para alertar moradores sobre as consequências da paralisação. Pede-se que os sacos de lixo não sejam depositados na rua até o fim da greve.
Como São Paulo e Campinas, duas das maiores cidades do Estado, têm data-base de negociação salarial em setembro, seus profissionais não aderiram à paralisação.
O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana no Estado de São Paulo (Selur) acusa sindicatos de trabalhadores de estarem descumprindo ordem da Justiça para manter em operação 70% da frota de coleta de lixo. O principal problema estaria em São Bernardo do Campo, com piquetes de sindicalistas, afirma o Selur. “Em Santo André, Diadema, Mauá, São Caetano e Rio Grande da Serra, a situação é caótica, tendendo a agravar-se”, diz a nota oficial. “Também há ocorrência de agressões, depredação de caminhões e recusa na coleta até dos resíduos hospitalares”. A Femaco nega.
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