Apesar de terem os dias não trabalhados descontados e estarem sem plano de saúde, os motoristas e cobradores de Porto Alegre mantêm greve nesta quinta-feira (6). A paralisação completa 11 dias e afeta mais de 1 milhão de passageiros, segundo a prefeitura.

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O plano de saúde dos trabalhadores venceu na semana passada e não foi renovado por decisão das empresas. As negociações com os consórcios estão paradas.

Nesta quinta, parte dos motoristas e cobradores receberá o salário do mês com um desconto relativo ao período da paralisação, de acordo com a associação das empresas.

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Os consórcios também cogitam demitir os grevistas, mas afirmam que antes estão tomando "precauções jurídicas".

As empresas dizem que só voltam a negociar com os grevistas se eles cumprirem uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho que determina a circulação de uma frota mínima nas ruas.

Os motoristas e cobradores pedem reajuste salarial de 14% e redução da jornada. O sindicato patronal ofereceu 7,5%.

As empresas tentaram colocar parte da frota nas ruas na manhã de ontem, mas acabaram desistindo. Um ônibus foi apedrejado, de acordo com a prefeitura. Ao todo, 46 veículos já foram danificados desde o início da paralisação.

O secretário-geral do sindicato dos trabalhadores, Jarbas Franco, vê a não renovação do plano de saúde como "represália" e diz que 32 mil pessoas são afetadas pela medida.

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Ele diz que a instituição vai tentar reaver o pagamento dos dias parados durante a negociação. Uma nova audiência na Justiça do Trabalho sobre a greve está marcada para a sexta-feira (7).

Transporte alternativo

Para amenizar os transtornos de uma greve de ônibus que já dura nove dias, Porto Alegre resolveu apelar para o transporte hidroviário de maneira emergencial.

Três barcos de turismo, usados em passeios pelo rio que banha a capital gaúcha, foram transformados em embarcações de transporte de passageiros desde a última terça-feira (3). Uma rota provisória foi criada ligando o centro a um bairro que fica do outro lado do estuário. Em linha reta, a distância é de apenas 2.000 metros. Por terra, o percurso aumenta para cerca de 20 km. Atualmente, a capital gaúcha é atendida por apenas uma linha hidroviária fixa, que faz a ligação com a cidade de Guaíba, na região metropolitana. A ampliação das rotas por rio é uma demanda antiga da população. O preço da passagem é de R$ 4.

O transporte de emergência por água se soma a outras iniciativas já tomadas pelo município durante a crise, como a autorização para que proprietários de vans escolares atuem nos trajetos dos ônibus que não estão circulando.

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Cerca de 400 desses veículos estão sendo usados no transporte público nesta semana. É pouco para atender a demanda da população durante a greve: nesta época do ano, 1.400 ônibus deveriam estar circulando na cidade diariamente.

O fluxo de vans e ônibus clandestinos também é intenso pela cidade. Na quarta-feira (5), fiscais flagraram dois veículos piratas em que os motoristas não tinham nem sequer a habilitação adequada.

A Empresa Pública de Transporte da capital gaúcha diz que, diante do volume de veículos clandestinos circulando durante a greve, não há como fiscalizar tudo.