Além dos engarrafamentos acima da média e o prejuízo ao funcionamento regular de serviços e comércio, a greve de ônibus em Curitiba também traz perdas financeiras ao próprio setor. Nos cinco primeiros dias de paralisação na capital – quatro deles com greve parcial – cerca de 3 milhões de passageiros deixaram de viajar nos ônibus da cidade. Os dados são da Urbs, empresa de economia mista responsável pela gestão do transporte na capital.
De acordo com a Urbs, 5,4 milhões de embarques foram realizados no sistema entre os dias 10 e 14 de março. Já nos primeiros cinco dias de paralisação – de 15 a 19 de maço, foram 2,4 milhões. Os dados compreendem passageiros pagantes, isentos e estudantes que pagam meia tarifa. Além disso, o mesmo passageiro pode ter entrado mais de uma vez no sistema.
De funcionário a patrão: como a greve dos ônibus prejudica a rotina dos curitibanos
Leia a matéria completaOs ônibus de Curitiba transportam diariamente 1,5 milhão de passageiros, em média. Desses, 698.196 são os chamados passageiros pagantes equivalentes – dois estudantes, por exemplo, valem por um passageiro pagante equivalente. Nessa conta, portanto, a proporção de pagantes é de 46%. Levando em consideração a tarifa de R$ 4,25, é possível estimar que algo em torno de R$ 5,8 milhões tenha deixado de entrar nas contas do sistema.
Esse prejuízo representa 10% de toda a arrecadação do último mês de fevereiro no Fundo de Urbanização de Curitiba, conta para onde vão as tarifas pagas pelos passageiros.
Durante a greve de ônibus em Curitiba, perda de passageiros no sistema se deve, principalmente, pela menor oferta de transporte nas ruas. Na tarde da última quarta-feira (15) -- o primeiro dia da greve, o Sindimoc foi notificado pela Justiça do Trabalho para que operasse com, pelo menos, 40% da frota enquanto perdurar o protesto. Mas há também perda de receita pela falta de cobradores em estações-tubo, situação observada em todos os primeiros seis dias da greve.
No último sábado (17), por exemplo, 55 estações-tubo diferentes ficaram sem cobrador em alguma faixa de horário entre 5h30 e 19h30 – nem todas ao mesmo tempo. Naquele dia, as catracas dessas estações foram giradas 11.586 vezes – menos da metade do registrado no sábado anterior à greve (26.249).
Sem todos os cobradores a disposição, na última sexta-feira (17) o Setransp, sindicato que representa as empresas de ônibus, solicitou à Urbs que algumas linhas servidas por biarticulados fossem operadas por articulados – modelo em que há assento para o cobrador e o embarque pode ser realizado fora das estações-tubo. O pedido foi aceito.
Os trabalhadores iniciaram a greve para reivindicar, principalmente, um reajuste de 10% nos salários de motoristas (atualmente R$ 2.201,01) e cobradores (R$1.247,37). As empresas de ônibus ofereceram reajuste de 5,43% – o equivalente à inflação acumulada no período.
Mais de R$ 500 mil
Outro prejuízo financeiro causado pela greve no sistema é a inoperância da Linha Turismo, serviço que atualmente custa R$ 45 por passageiro. Em 2016, essa linha transportou 608 mil passageiros – em média, 11.700 por semana. A greve do transporte já completou uma semana, o que pela média de 2016 daria mais de R$ 526 mil de prejuízo.
Também não estão realizando atendimentos os 55 ônibus que servem ao Sistema Integrado do Transporte Especial (SITE). O serviço atende 2.396 alunos com algum comprometimento mental, físico, auditivo, visual, condutas típicas e múltiplas deficiências, levando-os para três escolas municipais e 32 conveniadas. Segundo a prefeitura, o SITEs e a Linha Turismo tiveram a operação interrompida totalmente durante a greve para evitar riscos no atendimento a esses passageiros.
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