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Decisão

Justiça estadual determina volta ao trabalho

Ignorada pelos grevistas, a liminar da Justiça estadual que determinou ontem o fim da greve e a volta dos PMs e bombeiros ao trabalho fixou multa diária de R$ 15 mil para as associações que lideram o movimento. Também instituiu multa de R$ 500 para cada policial envolvido, em caso de descumprimento.

Os grevistas podem sofrer ainda sanções administrativas, como advertências e até exclusão, e criminais, como detenção e prisão, segundo a Polícia Militar. A Constituição proíbe os militares de fazer greve.

Ontem, houve uma tentativa de negociação que poderia encerrar a greve. De acordo com a Associação de Cabos e Soldados Militares do Ceará, o governo ofereceu um reajuste de 25%, mas os policiais militares não aceitaram. Eles reivindicam aumento de 80% até 2014.

Policiais militares e bombeiros do Ceará ignoraram a determinação da Justiça de voltar ao trabalho e cumpriram ontem o quinto dia de greve geral que deixou Fortaleza, em plena alta temporada turística, com ares de cidade fantasma.

O medo tomou a capital cearense, apesar do reforço no policiamento feito por homens da Força Na­­cional de Segurança e do Exér­­cito. Lojas em ruas de áreas nobre e do centro, incluindo o turístico Mer­­cado Central, fecharam as portas. Creches, repartições públicas municipais, postos de saúde, o Tri­­bunal de Justiça e o fórum da capital encerraram o expediente mais cedo.

Algumas agências da Caixa Econômica Federal não abriram. Outras encurtaram em duas horas o horário de trabalho. Os Correios interromperam o serviço de entrega e os agentes de trânsito de Forta­­leza, da autarquia AMC, ameaçavam na segunda-feira parar por falta de segurança.

A reação em cadeia foi provocada pelo temor de arrastões e assaltos que começaram a se alastrar – pelo boca a boca e pelas redes sociais – na noite de segunda-feira.

Por volta do meio-dia de ontem as principais artérias e zonas comerciais da capital cearense estavam praticamente paralisadas.

O Mercado Central, o principal centro de compras voltados para o turismo na capital de 2,5 milhões de habitantes, fechou, mas, segundo os próprios comerciantes, não houve registro de assaltos.

Jornais e rádios locais confirmavam o assalto de ao menos um supermercado no bairro de classe média do Montese, na noite de segunda, e de tentativas de assalto em zonas nobres da cidade, como Aldeota e Seis Bocas.

Turismo e pânico

O clima de tensão também afetou a Praia do Futuro, a principal da cidade, cheia na terça ensolarada de férias.

Pouco antes do meio-dia, garçons orientavam os clientes a en­­cerrar contas e reproduziam ru­­mores de arrastão.

Nos hotéis, a orientação aos turistas era sair pouco e não levar objetos de valor.

Nas redes sociais, as mensagens misturavam pânico, revolta e chacota para falar do dia atípico em Fortaleza.

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