Cerca de mil garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizaram, na manhã de ontem, mais um protesto em frente à sede da prefeitura do Rio. Ao contrário das outras manifestações, desta vez a maioria dos garis vestia o uniforme laranja da empresa. Eles exigiam ser recebidos por algum representante da prefeitura para discutir a pauta de reivindicações da categoria. Após duas horas de espera sem sucesso, saíram em passeata pelas ruas do Centro até a Câmara de Vereadores, na Cinelândia. Os manifestantes carregaram faixas com os dizeres "Estamos sendo tratados como lixo", "Chega de covardia, não somos palhaços" e "Não somos lixo".
Os agentes de preparação de alimentos, conhecidos como APAs, também aderiram à greve dos garis. Apesar de serem responsáveis pela merenda fornecida aos alunos das escolas municipais, os APAs são funcionários da Comlurb. A paralisação dos merendeiros pode prejudicar o retorno às aulas na rede municipal, previsto para esta segunda-feira, 10 de março.
Questionada, a Secretaria Municipal de Educação não havia se manifestado até o fechamento desta edição. Os grevistas exigem, entre outros pontos, salário-base de R$ 1.200, além de 40% de adicional de insalubridade. A prefeitura oferece aumento de 9%, para R$ 874,59, mais o adicional de insalubridade.
O gari Célio Viana, um dos líderes da paralisação, disse que ontem 70% dos cerca de 15 mil garis da Comlurb estão parados.
Os manifestantes distribuíram uma carta aberta à população do Rio que diz que a culpa da greve é do prefeito Eduardo Paes (PMDB), do presidente da Comlurb, Vinícius Roriz, e do sindicato.
A procuradora regional do Trabalho, Deborah Felix, disse após se reunir com os grevistas que apura denúncias anônimas de que garis estariam sendo coagidos por policiais militares e guardas municipais em escolta para voltarem a trabalhar em seus postos.
Ontem, sétimo dia de greve dos garis, as ruas do centro do Rio amanheceram bem mais limpas que nos dias anteriores. Mas a situação ainda era crítica em vários pontos das zonas sul, norte e oeste da cidade. Nas favelas de Rio das Pedras e Gardênia Azul, em Jacarepaguá (zona oeste), algumas ruas viraram lixões a céu aberto.