Depois de oito dias de mobilização, a greve dos motoristas e cobradores de Curitiba finalmente chega ao fim. Os sindicatos responsáveis pela categoria (Sindimoc), empresas (Setransp) e representantes da Urbs e Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) se reuniram na tarde desta quarta-feira (22) e chegaram a um acordo que encerra o impasse entre funcionários e empregadores. A paralisação, iniciada no dia 15 de março, foi a mais longa na capital desde 1994.
No encontro, os agentes do transporte público entraram em consenso quanto ao acréscimo de R$ 45 no vale-alimentação da categoria, além de 6% de aumento real, R$ 400 de abono salarial e manutenção de anuênio e postos de trabalho dos cobradores. Os dias parados deverão ser compensados.
Nesta quarta, os trabalhadores do setor já haviam anunciado a suspensão temporária da mobilização enquanto aguardavam o desfecho deste último pedido aos empresários. A reivindicação de R$ 45 a mais no vale deve ter um impacto de R$ 517 mil por mês aos cofres do setor. Ele foi o principal impasse da audiência da última terça-feira no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Até então, o valor do vale era de R$ 500 e as empresas ofereceram um reajuste de 6% (o equivalente a R$ 30). Por sua vez, a categoria queria os 15% (R$ 75) sugeridos pela desembargadora Marlene Suguimatsu. Porém, apesar da falta de acordo durante a audiência, a reunião desta tarde pôs um fim ao debate, garantindo os R$ 45 de diferença. Por meio de nota, a Urbs afirma que esse valor será incorporado à tarifa-técnica, mas que isso não terá nenhum impacto no valor pago pelos usuários. A proposta foi aceita pela categoria e incluída no acordo firmado entre o Sindimoc, Setransp, Urbs e Comec. O documento foi encaminhado ao TRT para avaliação e homologação.
Apesar do fim da paralisação ter acontecido somente nesta tarde, a situação da frota não deve mudar muito do que os passageiros vêm presenciando ao longo da quarta-feira exatamente pela suspensão da greve que decidiu colocar 100% da frota em circulação. Por volta das 16h30, segundo a Urbs, cerca 90% dos ônibus já estavam nas ruas de Curitiba.
De acordo com o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, o acordo é o fim de uma “longa e exaustiva caminhada” que deve ser vista como uma conquista pela categoria, mesmo que algumas de suas propostas iniciais não tenham sido atendidas. “O reajuste de 6% nos salários não era o almejado, mas dentro de um contexto nacional e da dificuldade que houve nas negociações, foi um avanço para os trabalhadores”.
Confira a nota da Urbs:
“Para colocar fim à greve de motoristas e cobradores do transporte coletivo das linhas urbanas de Curitiba, a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) incluirá na planilha técnica que remunera as empresas contratadas para operar o sistema a diferença de 6% para 15% no vale-alimentação dos trabalhadores. A medida não tem nenhum tipo de impacto no valor da passagem paga pelo passageiro.
Desde o início do movimento grevista a Urbs deu total transparência ao seu posicionamento, sustentando que não havia possibilidade de aumentar o repasse para as empresas além dos índices projetados. “Mesmo entendendo que a negociação salarial seja entre empregadores e empregados, como gestora do sistema de transporte da capital e por uma determinação do prefeito Rafael Greca para finalizar de uma vez a greve que afeta milhares de famílias, aceitamos alterar apenas essa projeção”, disse o presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto.
A proposta foi aceita pela categoria e incluída no acordo trabalhista firmado nesta quarta-feira (22/03) entre os sindicatos dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc) e das Empresas de Transporte de Curitiba e Região Metropolitana, Urbs e Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). O acordo foi encaminhado para o Tribunal Regional do Trabalho para avaliação e homologação.
A diferença de percentual de 6% para 15% no vale alimentação está fora do que foi projetado pela Urbs, e resultará em cerca de R$ 5,4 milhões a mais no ano. “Faremos um grande esforço para absorver essa diferença dentro do Fundo de Urbanização e, mais uma vez, reafirmamos que não existe qualquer possibilidade de aumento de tarifa para o passageiro até fevereiro de 2018”, disse Andreguetto”.