Greve nesta terça-feira afetou linha que faz trajeto até o Terminal do Pinheirinho (foto)| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Usuários do transporte público que fazem o trajeto Araucária – Terminal do Pinheirinho, em Curitiba, tiveram problemas para se deslocar na manhã desta terça-feira (7). É que os funcionários da empresa que presta o serviço, a TransTupi, decidiram entrar em greve no início da manhã. A categoria, segundo Sindimoc, o sindicato que representa os trabalhadores, reivindica o pagamento do vale-alimentação, de R$ 500, e salários. Os valores, previstos para serem depositados no quinto dia útil do mês, ainda não teriam sido pagos.

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Segundo o presidente do Sindimoc, motoristas e cobradores da empresa já tinham aprovado indicativo de greve no mês passado, por conta do atraso em pagamentos anteriores. “No mês de fevereiro, não creditaram o valor do cartão alimentação. Este mês, não creditaram cartão alimentação dos trabalhadores nem o pagamento”, afirma.

Os trabalhadores, conforme ele, permanecem em greve até que sejam efetuados todos os depósitos previstos.

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A TransTupi tem cerca de 40 funcionários. Além do trajeto que sai do bairro Tupi, em Araucária, e segue até o Pinheirinho, em Curitiba, a TransTupi opera as linhas Begonia e Santa Eulália.

A reportagem entrou em contato com a empresa e o Setransp, o sindicato patronal da área, mas ainda não obteve retorno.

Entenda o imbróglio

De acordo com a TransTupi, o atraso nos pagamentos dos funcionários é fruto de uma briga ainda maior envolvendo a empresa e a prefeitura de Araucária. De acordo com o sócio da companhia, Luiz Ben-hur Loures, a administração municipal anulou o contrato que existia e não repassou os valores devidos desde o último mês de dezembro, o que complicou a situação financeira da empresa, que chegou a vender parte de seu patrimônio para cobrir o rombo. “Não temos mais de onde tirar recursos para pagar funcionários e fornecedores. É uma situação muito delicada para nós”, conta Loures.

Já o diretor presidente da Companhia Municipal de Transporte Coletivo de Araucária (CMTC), Samuel Almeida da Silva, explica que esse rompimento surgiu após a administração pública considerar que a linha Tupi-Pinheirinho não era de responsabilidade do município, mas do governo do estado por meio da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec). “Ela é encarregada de promover a integração do transporte. Então, nos reunimos e a Comec concordou que a linha era competência dela, assumindo essa responsabilidade”, conta.

O problema, no entanto, é que a prefeitura de Araucária teria cancelado o contrato com a TransTupi na sequência, o que Loures afirma ter pego todo mundo de surpresa. Segundo ele, junto com essa anulação do convênio existente, o município deixou de fazer os pagamentos pelos serviços prestados pela empresa. Diante disso, a companhia entrou na Justiça exigindo o pagamento de R$ 1,6 milhão referente aos meses de dezembro e janeiro. O pedido foi concedido em primeira instância, mas suspenso logo em seguida após a prefeitura recorrer da decisão.

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Silva alega que os valores não foram repassados porque a administração considerou esses contratos ilegais. “A linha [Tupi-Pinheirinho] nunca foi licitada ao longo desses 23 anos. Por conta disso, entendemos que não deveríamos efetuar pagamentos a uma ilegalidade encontrada”, alega. De acordo com o diretor-presidente, a CMTC abriu um processo administrativo para auditar o valor devido e os quilômetros não faturados, mas o fato de a TransTupi ter judicializado a questão paralisou esses cálculos. “Nós anulamos o vínculo e, se tivermos que indenizar, a empresa vai receber. Só que isso teria de ser avaliado nesse processo administrativo”.

A empresa de transporte se defende dizendo que a linha Tupi-Pinheirinho foi licitada inicialmente em 1992 e o contrato foi renovado até agosto 2019, mas a administração municipal decidiu adiantar esse prazo. Essa renovação foi colocada como um precário com validade até a abertura de um novo processo licitatório organizado pela Comec, esperado inicialmente para 2011. Mas ele nunca ocorreu. “São muitas mudanças políticas e nós acabamos ficando no meio”, reclama o sócio.

Para ele, a solução para toda essa disputa deveria ser o diálogo — algo que ele diz que deveria ter existido desde o começo da briga. “Esse procedimento poderia ter sido feito dentro de algo razoável. O transporte não pode ser mudado de um dia para o outro. É um processo”, afirma. “No fim, criou-se um grande transtorno para toda a comunidade”.