Os funcionários dos hospitais filantrópicos e particulares de Curitiba deflagraram uma greve na manhã desta quarta-feira (18). Entre os trabalhadores que aderiram à paralisação estão enfermeiros, técnicos de enfermagem, funcionários de copa e cozinha e auxiliares administrativos. A paralisação afetou o atendimento em algumas instituições. Segundo informações do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Curitiba e Região (Sindesc), há funcionários em greve em pelo menos oito hospitais: Hospital do Idoso Zilda Arns, São Vicente, Santa Casa, Cajuru, Vita Batel, Evangélico, Nossa Senhora das Graças e Maternidade Nossa Senhora de Fátima.
Além disso, os trabalhadores contratados pela Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes) e que prestam serviço aos 12 Centros de Atenção Psicossociais (Caps) da cidade e às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) Matriz e do Pinheirinho também aderiram ao movimento. De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação, 60% dos enfermeiros e técnicos-administrativos das UPAs estão em greve. A recomendação da Feaes é que as pessoas que necessitem de atendimento médico de urgência e emergência procurem as outras UPAs da capital.
Audiência coletiva está marcada para quinta-feira e tenta terminar com a greve
Para tentar resolver o impasse salarial entre hospitais e trabalhadores e não comprometer o atendimento à população, foi agendada uma audiência de conciliação entre a categoria e os representantes dos hospitais no Tribunal Regional do Trabalho, na capital, às 14 horas desta quinta-feira (19).
O Sindipar alega que os hospitais filantrópicos sofrem com déficits financeiros históricos. Segundo o sindicato, os cinco principais hospitais conveniados ao SUS em Curitiba – os filantrópicos Universitário Cajuru, Evangélico, Pequeno Príncipe, Santa Casa e Erasto Gaertner – realizaram só em 2015 quase 4 milhões de procedimentos ao sistema público, juntamente com 101.022 internações e 76.774 cirurgias. Todos eles experimentaram no exercício resultado operacional negativo, que vai de 16,6% a 140% .
O sindicato dos trabalhadores deve fazer uma passeata até a sede do TRT na quinta. “A audiência vai tentar colocar fim à greve. Mas esperamos uma proposta melhor. Caso contrário, a greve vai continuar”, afirma a presidente do Sindesc, Isabel Cristina Gonçalves.
Em nota, o sindicato patronal aponta que os dirigentes do setor ressaltam o cenário econômico de grande dificuldade no país e que a preocupação é a de preservação dos postos de trabalho, ainda que leitos e serviços estejam sendo desativados de forma acentuada.
A adesão nos Caps chegou a uma média de 60% – apenas a unidade do Bigorrilho não teve funcionários em greve. No Caps Infantil do Pinheirinho, por exemplo, a adesão chegou a 100%. Os pais das crianças atendidas na instituição foram avisadas para não levar os filhos ao local durante a manhã desta quarta.
Já no Hospital do Idoso, em que os trabalhadores também pertencem à Feaes, o impacto da greve afetou durante esta manhã 25% do funcionamento. Segundo a assessoria de imprensa da Fundação, se contar a adesão de técnicos de enfermagem e enfermeiros, o impacto nestes serviços é de 50%.
Segundo o sindicato, ainda não há uma estimativa total de quantos trabalhadores estão em greve. O diretor do Sindesc, Natanael Marchini, relata que a adesão no Hospital Evangélico, por exemplo, foi de cerca 80 pessoas. “No primeiro dia de greve a gente está alertando os trabalhadores sobre as reivindicações da categoria e cuidando para não comprometer o atendimento”, afirma.
Os manifestantes colocaram faixas de protesto em frente a alguns hospitais. Cerca de 50 trabalhadores realizaram uma passeata que saiu do Hospital São Vicente, passou pelos hospitais Vita Batel e Cruz Vermelha até chegar o Evangélico com faixas, apitos e palavras de ordem. Em todos os hospitais em que há funcionários paralisados, um mínimo de 30% dos serviços continuam.
Reivindicações
A pauta de reivindicação do Sindesc pede a correção salarial das perdas acumuladas do período 9,8% e mais 10% de aumento real; auxílio alimentação de R$ 580 mensais, adicional de insalubridade calculado sobre o salário base de cada trabalhador, adicional noturno de 40%, adicional por tempo de serviço de 2% e manutenção das demais cláusulas sociais já conquistadas. A reposição oferecida pelo sindicato patronal é de 6%.
A assessoria de imprensa da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Fehospar) e do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Sindipar) aponta que durante a manhã não foram registrados grandes transtornos ou serviços paralisados em virtude da greve nos demais principais hospitais da capital do estado.
Em alguns desses hospitais que registram funcionários paralisados, poucos aderiram ao movimento – como é o caso do Vita Batel e Cajuru, por exemplo. “Observou-se que não houve prejuízos maiores no atendimento eletivo ou de urgência”,diz o Sindipar em nota.
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