Nenhum ônibus saiu da garagem da empresa São José filial, em Curitiba, até as 9h30 desta quarta-feira (21). Motoristas e cobradores fazem uma greve parcial, apenas nas empresas que não pagaram o 13º salário. No caso da São José, os trabalhadores não receberam nem o adiantamento salarial do mês de dezembro. A empresa São José Filial atende 27 linhas nas regiões do Centro de Curitiba, Leste e Sul da capital, além de bairros de São José dos Pinhais.
Uma assembleia estava marcada para as 9h na frente da garagem da empresa. O objetivo é definir qual será a frota mínima em circulação. O Sindimoc sinaliza que deve partir de 30%. O presidente do sindicato, Anderson Teixeira, havia informado que o Sindimoc iria ingressar com uma ação de arresto dos bens das empresas devedoras. Mas ele acabou entrando em uma reunião com representantes da viação que pode alterar esse panorama. Até por volta das 9h30, o encontro ainda não havia sido encerrado.
“É uma situação que não é nova. É greve atrás de greve nos últimos quatro anos. O trabalhador não aguenta mais isso: descobrir que não recebeu quando vai pagar o supermercado. Esperamos que essa nova gestão faça algo de impacto, que resolva isso de uma vez”, afirmou Anderson Teixeira.
Segundo o Sindimoc, por volta das 9h10, a São José Filial e a Viação Tindiquera, que opera exclusivamente em Araucária, estavam com 100% da frota inoperante.
Outra empresa que havia sinalizado uma greve para esta quarta, a Araucária Matriz, está com a circulação de ônibus normalizada. Em uma conversa com os trabalhadores, a empresa se comprometeu a pagar os valores devidos até o início da tarde. Por causa desse compromisso, motoristas e cobradores decidiram trabalhar normalmente. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira.
A Araucária Matriz atende 33 linhas de Araucária, Campo Largo e Contenda. A empresa Tindiquera atende apenas os usuários de 54 linhas da cidade de Araucária.
Impacto para o usuário
De acordo com a Urbs, dos 100 ônibus da empresa São José Filial, metade opera em rotas compartilhadas. Os outros 50 operam em linhas isoladas, que podem causar transtorno a cerca de 40 mil pessoas. A Urbs ressalta que, ainda assim, os passageiros podem optar por linhas semelhantes operadas por outras empresas. O órgão não especificou quais são as linhas isoladas nem quais são as opções para o passageiro.
Na Araucária Filial, metade da frota está paralisada, mas as linhas são compartilhadas com a Expresso Azul, o que causa menos transtorno aos passageiros.
Movimentação nos terminais
A greve parcial afeta o funcionamento de linhas alimentadoras no Terminal do Carmo. Nenhum dos ônibus ‘amarelinhos’ passou por lá e os passageiros aguarda há bastante tempo. A maioria é operada pela empresa São José Filial. Alguns passageiros estão optando por fazer o percurso de linhas como a Iguape I e Iguape II a pé, em trechos de meia hora de caminhada
Maria Inês de Freitas e Liliane dá Silva moram no Campo Largo dá Roseira e trabalham no Xaxim. A primeira entra às 8 e a segunda às 7. Acabaram se encontrando no Terminal do Hauer porque a linha Itamarati não está circulando . “Acabei de ligar na empresa. Eles vão pagar um táxi pra gente”, disse Maria Inês. Liliane está esperando o ônibus há quase duas horas. Neste terminal as linhas prejudicadas são São Francisco, Itamarati, Iguape II, Centenário / Hauer, Canal Belém / S. Filho (Sentido Capão da Imbuia).
Passageiros que moram no Boqueirão contaram que estão com dificuldades com os alimentadores naquele bairro. Alguns caminharam até meia hora para pegar o expresso na Marechal Floriano.
Kelly Cristina de Oliveira ligou na central 156, onde diz ter sido informada que a linha Iguape I, justamente a dela, não estava operando. Ela diz que na sua região as pessoas estão tendo que andar 15 quadras para chegar ao Terminal do Boqueirão. “Mas entendo os trabalhadores. Não dá para trabalhar nessa situação”.
Outra linha afetada é a Boqueirão/Centro Cívico. Poucos veículos que fazem a linha do ligeirinho estavam circulando e a fila de passageiros aguardando embarque era grande nesta manhã.
Sem 13º salário
Essas empresas não foram as únicas que ameaçaram parar por causa da falta de pagamento do 13º salário. De acordo com o Sindimoc, as empresas Araucária Filial e Tindiquera também não efetuaram o pagamento do benefício para os funcionários na terça-feira (20), data limite para que isso fosse feito.
O Setransp, que representa as empresas de ônibus, confirmou que algumas viações não fizeram da parcela do pagamento do décimo, mas disse que só terá o balanço exato de quais devem paralisar as atividades na manhã desta quarta-feira (21).
Mais greve à vista?
Outras quatro empresas – CCD, Tamandaré Filial, Tamandaré Matriz e Campo Largo – não fizeram o pagamento dos vales dos funcionários, segundo o Sindimoc. Nessas empresas, foram realizadas assembleias no início da manhã desta quarta-feira (21) e os trabalhadores aprovaram um indicativo de greve para 72 horas. A única exceção é a Tamandaré Filial, que não abriu indicativo
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Trabalhadores da empresa São José Filial não deixaram nenhum ônibus sair da garagem nesta quarta-feira (21)
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Trabalhadores da empresa São José Filial não deixaram nenhum ônibus sair da garagem nesta quarta-feira (21)
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Canaleta da Avenida Marechal Floriano,: sem ônibus nesta quarta-feira (21)
Confira as notas enviadas pela prefeitura e Setransp
Urbs
“A prefeitura de Curitiba informa que os ônibus da empresa São José Filial não saíram das garagens na manhã dessa quarta-feira (21) devido à manifestação de trabalhadores. Com isso, há prejuízo na operação de 27 linhas urbanas de Curitiba. A empresa Araucária Filial está operando com frota parcial também devido à manifestação de motoristas e cobradores. Houve atraso no início da manhã também na saída dos ônibus da empresa CCD, mas os veículos começaram a operar a partir das 6h. As demais empresas que operam o transporte coletivo de Curitiba não tiveram atrasos e operam normalmente.
A Urbs deve iniciar nesta quarta-feira a regularização dos repasses de parcelas em atraso para as empresas operadoras do transporte coletivo pelos serviços prestados. O atraso ocorreu devido à falta de recursos em caixa, provocada pela redução nas vendas de crédito transporte, o que está diretamente ligado aos índices de desemprego.A empresa gestora do transporte coletivo de Curitiba reforça que já pagou às empresas cerca de R$ 20 milhões desde fevereiro na tarifa técnica especificamente para cobrir os custos do 13º salário.”
Setransp
O Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) tentou, por vários dias, alertar sobre as consequências dos atrasos nos repasses da Urbanização de Curitiba (Urbs).
Lembrou que 12 mil motoristas e cobradores aguardam para hoje (20) o pagamento do vale e da segunda parcela do 13º salário, apelou para a importância do serviço de transporte para o comércio nesta época de compras de fim de ano e questionou o órgão gestor sobre o paradeiro dos recursos.
Não adiantou. A Urbs e a Prefeitura de Curitiba, embora cientes há tempos do problema, não conseguiram resolver o chamado “nó do transporte”.
Hoje (terça-feira - 20), lembre-se novamente, dia do pagamento do vale e da segunda parcela do 13º salário, a Urbs deveria repassar R$ 4,6 milhões às empresas, mas só transferiu R$ 850 mil. O órgão gestor deve, portanto, R$ 3,8 milhões, referentes ao serviço já prestado nos dias 14, 15, 16, 17 e 18.
