Ministro afasta problema com matrículas
O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse ontem que a greve dos servidores técnico-administrativos das universidades federais não prejudicará as matrículas do segundo semestre de 2011. O ministro espera pôr fim à paralisação até o final do mês de agosto, quando devem recomeçar as aulas. "Há tempo. Preciso verificar até onde podemos ir para atender às demandas da categoria. Mas há boa vontade do governo e tempo", disse Haddad.
O ministro contou que se encontrou na segunda-feira, em Brasília, com representantes dos servidores técnico-administrativos e reforçou a proposta de intermediar as negociações com o Ministério de Planejamento. Haddad também comentou o anúncio de paralisação dos docentes de Instituições Federais de Ensino (Ifes) prevista para 5 de julho e disse que, desde 2005, o Ministério da Educação não enfrenta graves crises.
UFPR
Além do Hospital de Clínicas, outros setores da UFPR foram prejudicados pela greve. No câmpus Litoral, por exemplo, as atividades administrativas estão paradas. Restaurantes universitários dos câmpus Centro, Agrárias e Politécnico estão paralisados. As pró-reitorias de Graduação e de Assuntos Estudantis estão com as atividades reduzidas, assim como o Hospital Veterinário, localizado no Agrárias. (TC, com agências)
O atendimento no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) está prejudicado por causa da greve dos servidores, que completa hoje uma semana. Com o pronto-atendimento fechado, novos pacientes só são atendidos após avaliação de cada caso. O setor de emergência atua com apenas 30% dos servidores. Das 11 salas de cirurgia, apenas duas estão em funcionamento, segundo o hospital. Cerca de dez cirurgias são realizadas por dia, contra uma média de 40 em dias normais. As cirurgias eletivas não emergenciais têm sido desmarcadas. E a situação pode se agravar ainda mais com a adesão de médicos residentes à mobilização.A artesã Fátima Lopes, 53 anos, estava com uma cirurgia na vesícula marcada. Depois de quatro meses sofrendo com dores, achou que seu calvário chegaria ao fim ontem. "Disseram-me que meu caso não é de emergência e que, com a greve, tem que estar vazando a bílis para operar. Ou seja, tem que estar quase morrendo."
A filha de Fátima, a analista comercial Angélica Lopes, diz que o hospital tentou enviar sua mãe de volta ao Centro Médico de Urgência, mas elas relutaram. "Só saio daqui depois que minha mãe operar", afirma. "Greve é um direito constitucional, mas impedir acesso à saúde é crime", reclama.
De acordo com o chefe do plantão do pronto-atendimento do HC, Eduardo Lourenço, estão sendo feitos exames complementares em Fátima para verificar se o caso dela é de urgência ou emergência. Segundo o médico, porém, não é necessário estourar a vesícula para que a cirurgia seja considerada de emergência. "Os exames vão mostrar se há infecção e se ela pode ser tratada clinicamente ou se tem de fazer uma cirurgia de emergência."
Mobilização
"Nós entendemos o sentido da greve, mas atrapalha bastante o trabalho da gente. A emergência não deveria ser afetada", diz Lourenço. Ele ainda ressalta: "Não vai morrer doente aqui por causa da greve. Quem não atender emergência vai responder criminalmente. Esse é um compromisso ético-profissional."
Os servidores pedem um aumento do piso salarial de R$ 1.034 para R$ 1.635 , a criação de um plano de cargos e salários, o aumento de benefícios e a reabertura de 130 leitos no HC, que teriam sido fechados por falta de pessoal. Cerca de 3,4 mil técnicos administrativos são servidores da UFPR, sendo 1,9 mil lotados no HC. A adesão no HC gira entre 40 e 60 técnicos apenas, segundo o hospital, e estaria concentrada no setor cirúrgico.
Em assembleia ontem, os grevistas definiram um calendário de atividades de mobilização. A próxima assembleia está marcada para o dia 28. Em todo o país, servidores técnico-administrativos de 47 universidades federais já aderiram à greve.
Médicos residentes
Os médicos não estão em greve, mas parte deles pode entrar. É que os residentes ameaçam aderir ao movimento. Segundo Lourenço, os residentes decidiram em assembleia fazer um dia de paralisação, no dia 29. Há ainda indicativo de greve a partir do dia 1.º. Os residentes tentam pressionar a votação no Congresso da medida provisória (MP) que aumenta a bolsa deles de R$ 1,6 mil para R$ 2,1 mil. Sem a votação, a MP, hoje em vigor, deve cair. "A tendência é a situação [do atendimento] piorar", diz Lourenço.
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