Diretor-geral aprova desvinculação
O diretor-geral do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Giovani Loddo, diz que não há motivo para preocupação com o projeto que transforma os hospitais universitários em fundações. "Não há risco nenhum de privatização", afirma ele. "O hospital continua respondendo à universidade, o diretor continua sendo nomeado pelo reitor e as regras são ditadas pelo Conselho Universitário", diz.
Segundo Loddo, o instrumento da fundação estatal, que está sendo criado por projeto de lei, é uma tentativa de modernizar a gestão dos hospitais. "Todo mundo elogia o HC de Porto Alegre, que não tem dívidas, é o mais bem gerido. Agora, que vão dar um estatuto parecido para todos os outros, começaram a ficar contra", diz . De acordo com Loddo, outro ponto que pode gerar polêmica é a situação dos funcionários do hospital, que hoje são servidores públicos e têm estabilidade. No novo formato, eles estarão sujeitos às regras da CLT. "Mas continuarão sendo contratados por concurso público. E para demiti-los, será preciso fazer processo administrativo", comenta o diretor.
Servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) iniciaram ontem uma greve por tempo indeterminado. Segundo a assessoria do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, 16 cirurgias foram canceladas no primeiro dia da paralisação, por falta de técnicos de instrumentação. O setor de pré-atendimento de consultas também foi afetado. Os pacientes que já tinham horários marcados tiveram de esperar até três horas para confirmar o atendimento. O movimento também atingiu secretarias de cursos e departamentos no restante da universidade, além dos restaurantes universitários, que não devem abrir as portas hoje, deixando de servir cerca de 6 mil refeições.
"Estamos ainda construindo o movimento e gradualmente vamos ganhando mais adesão. Teremos cuidado com o HC, para que a população seja o menos prejudicada possível", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest-PR), José Carlos Assunção Belotto.
O movimento é parte de uma mobilização nacional, com a adesão de outras 15 universidades federais. Os servidores protestam contra o Projeto de Lei Complementar (PLP) n.º 01/ 2007, do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que limita as despesas com pessoal nos próximos 10 anos à inflação, e contra a desvinculação dos hospitais universitários do Ministério da Educação. Outras lutas são pelo direito de greve e pela manutenção do veto à emenda 3 (que transfere para o Poder Judiciário a definição de vínculo empregatício).
"A PLP 01/2007 vai limitar o aumento de gastos com a folha de pagamento em 1,5% ao ano. Para nós, isso significa congelamento de salário. Já a emenda 3, se aprovada, retira uma série de direitos dos trabalhadores", disse Belotto. Segundo ele, a desvinculação dos hospitais universitários pode representar uma privatização. "Pela proposta do governo, os hospitais passam a ser geridos por uma fundação estatal. Passam a ter de captar recursos e fazer convênios para se manter. O atendimento pelo SUS vai diminuir", analisou Belotto.
Outra reclamação dos trabalhadores é em relação à tentativa do governo de regulamentar o direito de greve. "Pela proposta, a greve só poderia se feita se aprovada por dois terços da categoria. Seria impossível reunir todo mundo", comentou Belotto.
Para o reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, a greve é legitima. "Algumas reivindicações são justas. Esperamos que o governo federal abra diálogo logo, porque as atividades do hospital, de ensino, pesquisa e extensão da universidade são afetadas", disse. O reitor enviou ontem ao Ministro da Educação, Fernando Haddad, uma carta expondo essa posição.
A UFPR possui 3,5 mil servidores técnico-administrativos. Não há nenhuma estimativa sobre o número de servidores que aderiram ao movimento. Segundo o HC, pacientes com consultadas agendadas devem chegar com antecedência. O hospital garante que o atendimento de emergência será mantido.
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