Prefeito fala sobre a greve
O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), afirmou nesta quarta-feira (15) que é inadmissível que 100% dos motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana estejam em greve.
Greve dos motoristas também afetou hospitais da cidade
A greve dos motoristas e cobradores não afetou somente o comércio da cidade. Hospitais de Curitiba também sofrem com a falta de funcionários. No Hospital Cajuru, 20 cirurgias eletivas foram canceladas na terça-feira (14) e nesta quarta (15).
Com o fim da greve dos motoristas e cobradores, os ônibus que fazem as linhas da capital e região metropolitana voltaram a circular normalmente nesta quinta-feira (16). Segundo a Urbanização de Curitiba (Urbs), todas as linhas vão respeitar os horários de saída, conforme as tabelas habituais, e haverá fiscalização desde o início do turno.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), 90% dos ônibus circulavam já noite de quarta-feira (15) e a situação foi completamente normalizada na manhã desta quinta-feira.
VÍDEO: Veja como foi o último dia da greve
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TÁXIS: Curitibano enfrentou dificuldade para achar táxis
SEM TRABALHO: Desconto por falta ao trabalho depende do bom senso do empregador
A Urbanização de Curitiba S.A. (Urbs) informou nesta manhã, por volta das 9h50, que a circulação dos ônibus ocorria normalmente e que não havia registro de atrasos nas linhas.
Segundo o Setransp, os ônibus começaram a ser liberados ainda durante a tarde. A preferência foi dada para ônibus que operam nas canaletas expressas e linhas troncais, que são os veículos amarelos, que ligam os terminais de integração ao centro da cidade. Na sequência, entraram em circulação os interbairros, na cor verde, que ligam bairros e terminais sem passar pelo centro, e alimentadores, na cor laranja, que ligam terminais de integração aos bairros daquela região.
Assim que os primeiros ônibus começaram a circular, o serviço de transporte particular, por meio de vans ou carros, foi suspenso, já que os veículos automaticamente perderam o credenciamento feito na Urbs.
Motoristas e cobradores aceitaram, em assembleia, na tarde de quarta, a proposta feita pelo sindicato patronal e encerraram a paralisação. Com o novo acordo, os trabalhadores vão receber reajuste salarial de 10,5%, vale-alimentação de R$ 200 e abono único de R$ 300, a ser pago em junho. Essa proposta foi apresentada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) na quarta-feira, na audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). A reunião começou ao meio-dia e foi suspensa às 13 horas por causa da assembleia da categoria e foi retomada depois da deliberação dos trabalhadores, que aceitaram o acordo.
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região (Sindimoc) solicitou que o TRT abonasse a multa pelo descumprimento da liminar que determinava a circulação de 70% da frota em horário de pico e 50% no horário normal, válida desde as 5 horas de quarta-feira. O sindicato deveria pagar multa de R$ 100 mil por dia, mas a defesa pediu o cancelamento da multa ou fracionamento do valor pelas horas não trabalhadas. O desembargador Altino Pedrozo dos Santos vai analisar o pedido e só deve dar seu parecer nesta quinta-feira (16).
Segundo Elias Mattar Assad, que defende o sindicato, a paralisação pode ser considerada justa, porque os trabalhadores tinham o direito de reivindicar o aumento, e o receberam. "Se a manifestação é justa, para que impor uma pena pela paralisação?", argumenta. Ele disse que a promotoria alegou que a punição era pelo descumprimento da ordem judicial. O advogado então propôs que a multa fosse aplicada pela quantidade de horas que não foram trabalhadas, considerando o início da validade da liminar, às 5 horas de quarta-feira, e o começo da nova sessão no TRT, às 11 horas. Com isso, a punição seria de cerca de R$ 25 mil, o equivalente a 6 horas.
Em relação à primeira liminar, concedida pela justiça estadual, seu conteúdo já havia sido suspenso pelo desembargador Rogério Ribas. No entendimento de Assad, as eventuais punições que resultariam dessa medida não teriam validade porque a ação perdeu o objeto depois de ser analisada pela justiça do trabalho.
Efeitos da paralisação
A greve de motoristas e cobradores deixou Curitiba completamente sem ônibus por quase dois dias, apesar de a Justiça do Trabalho determinar que 70% da frota estivesse nas ruas em horário de pico na quarta-feira (15). Ao todo, 2,3 milhões de usuários do transporte coletivo em Curitiba e região metropolitana ficaram sem ônibus, segundo a Urbs.
Assim como ocorreu na terça-feira (14), a quarta-feira (15) começou com terminais vazios, ruas mais movimentadas e radiotáxi com linhas congestionadas. Diferentemente do início do primeiro dia de greve, na quarta-feira em alguns locais havia a possibilidade de se usar o transporte particular. Não havia ônibus trafegando em Curitiba e RMC até as 15h, de acordo com Urbs.
O Setransp afirmou que ônibus do transporte coletivo de Curitiba e região metropolitana foram depredados nas garagens das empresas. O Sindimoc confirmou que alguns grevistas cometeram excessos, mas disse que não se trata de orientação da entidade.
A falta de ônibus e a dificuldade para conseguir um táxi refletiram no trânsito de Curitiba. Muitos moradores da capital e da RMC tiveram de tirar os veículos da garagem para ir ao trabalho ou levar alguém da família. Especialmente pela manhã, o movimento era bastante alto em diversas regiões da cidade e, apesar da lentidão, não houve trechos onde o tráfego não fluiu.
Para melhorar a fluidez, as obras no anel viário do Centro de Curitiba e em ruas importante da capital foram suspensas até o fim da greve.
Desconto por falta ao trabalho depende do bom senso do empregador
Como a legislação trabalhista brasileira não contempla especificamente qual deve ser o procedimento das empresas em caso de greve no transporte público, cabe às companhias definirem se irão ou não descontar a ausência ao trabalho do salário do trabalhador. Advogados orientam que o bom senso deve guiar a decisão.
Assim como na terça-feira, o curitibano enfrentou dificuldade de conseguir contato com as empresas de radiotáxi da capital na quarta-feira. Mesmo com o fim da greve, conseguir um veículo era difícil.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com seis operadoras de radiotáxi na noite de quarta-feira, mas só conseguiu contato com uma. Esta empresa informou que o movimento estava normalizado e alguns serviços, como o agendamento de veículo, voltaram a ser realizados. No entanto, o tempo de espera poderia ser superior a 10 minutos. O contato com as outras empresas não foi efetivado, tanto no telefone fixo quanto em números de 0800. Durante o dia, táxis que ficam localizados em pontos de maior movimento, como praças e shoppings, tinham filas de usuários.
Na terça-feira, a dificuldade de pegar um táxi durou o dia todo. O taxista Edson Fernandes, associado de uma das seis radiotáxi da cidade, disse que à noite eles ainda trabalham para tentar diminuir a fila de espera por uma corrida, que em alguns casos chegava a várias horas.
As associações não estavam agendando corridas por conta da grande demanda. O dirigente de uma delas disse que não havia condições, desde o início da greve dos ônibus, de garantir o compromisso de pegar um usuário em determinado horário. Os táxis estavam autorizados a circular nas canaletas dos biarticulados, já que a situação do tráfego na capital foi caótica na terça-feira.
A grande procura de táxis durante a greve fez lembrar que a Câmara de Vereadores da cidade discute um projeto de lei que prevê um aumento da frota, que hoje é de 2.252 veículos. Segundo a proposta, poderiam ser autorizadas mais 243 licenças de operação se for estabelecido o critério de um táxi para cada 700 habitantes da cidade, que, segundo o último dado do IBGE, tem 1,7 milhão de pessoas. Outra alternativa seria estabelecer o critério de um táxi para 500 habitantes, o que faria a atual frota aumentar em mais 1.241 veículos, chegando ao total de 3.493 carros.
VoltarNegociação
Os motoristas e cobradores iniciaram a greve às duas horas da manhã de terça-feira (14). Após negociações com o sindicato patronal, os funcionários recusaram, em assembleia realizada na Praça Rui Barbosa na noite de segunda-feira (13), a proposta do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). A estimativa do sindicato é que mais de três mil pessoas tenham comparecido à assembleia de segunda-feira.
De acordo com o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira, o sindicato patronal apresentou uma proposta inicial de 7% de aumento total aproximadamente 1,37% acima das perdas da inflação. Ele garantiu que a categoria não iria aceitar um reajuste abaixo de 10,3%, valor que, segundo o Sindimoc, foi negociado com os metalúrgicos no estado.
Segundo o Sindimoc, os trabalhadores foram para os portões das 30 empresas responsáveis pelos coletivos da capital para evitar que os ônibus deixassem as garagens. O presidente ainda pediu que o movimento fosse pacífico, sem vandalismo e garantiu que continuaria em negociação com o sindicato patronal.
Além do aumento salarial, os trabalhadores apresentaram uma pauta com mais de 50 reivindicações. Entre as principais estavam o reajuste de 18% no vale-alimentação e a mudança da escala de sete dias de trabalho com um de folga para seis de trabalho e um de descanso. O Sindimoc alega que "a categoria é a única que tem uma semana de oito dias". Eles ainda exigiam melhorias nas condições de trabalho, aumento da verba para saúde e treinamentos para os funcionários.
Vida e Cidadania | 2:36
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