Os passageiros de ônibus de quatro capitais do país foram prejudicados por paralisações de rodoviários nesta quarta-feira. Em São Luís, no Maranhão, 750 mil pessoas seguem sem poder usar coletivos pelo sexto dia consecutivo: 100% da frota está nas garagens. Em Salvador, poucos veículos circulam pela cidade e, em Florianópolis, 25 mil pessoas foram afetadas pela ausência do transporte público.
No Rio, apesar da convocação da greve na terça-feira, houve baixa adesão ao movimento: 90% dos coletivos estão nas ruas, mas alguns usuários também sofrem.
Em Salvador, os poucos ônibus que atendem a população nesta quarta-feira só puderam sair das garagens com escolta policial. Apenas cinco veículos saíram da garagem da empresa São Cristóvão, por exemplo. Todos com a ajuda de viaturas da Polícia Militar (PM). Nas empresas Rio Vermelho, Axé, Barramar, Verdemar e Central pelo menos uma guarnição da PM realizava a segurança no portão, no início da manhã, aguardando a saída dos veículos.
No terceiro dia de greve dos rodoviários, as ruas da capital baiana amanheceram vazias. Com exceção dos micro-ônibus e vans que realizam o transporte alternativo, não foram vistos os coletivos trafegando pelos bairros. Um destes locais foi o fim de linha do bairro Nordeste de Amaralina, próximo da orla, por onde passou apenas um ônibus de empresa para transportar funcionários. Há também um ponto de mototaxistas, que aproveitam a falta de ônibus para intensificar o atendimento à população. Os mototáxis estão cobrando até R$ 40 por viagens.
Em Florianópolis, 800 coletivos parados
Motoristas e cobradores da Grande Florianópolis, em Santa Catarina, fazem paralisação porque querem impedir a demissão de 300 cobradores com a implantação da catraca eletrônica. Foram disponibilizadas vans para os passageiros nos terminais de ônibus, mas a passagem chega a custar o dobro. A tarifa normal é de R$ 2,60. Com a greve, mais de 800 ônibus deixaram de sair das garagens.
A Polícia Militar deslocou 80 soldados para a segurança e organização da cidade durante o dia de paralisação. Eles estão distribuídos nos terminais de ônibus. Homens da Guarda Municipal também dão apoio ao transporte das vans.
Em São Luís, sem acordo entre as partes
Após uma reunião na tarde de terça-feira que durou quatro horas, rodoviários e empresários do transporte público de São Luís (MA) não chegaram a um acordo, e a greve de motoristas, fiscais e cobradores da capital maranhense entrou nesta quarta-feira em seu 7º dia, com 100% dos ônibus parados nas garagens. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão (Sttrema) já acumula R$ 288 mil em multas da Justiça do Trabalho por descumprir a determinação de colocar 70% da frota de ônibus nas ruas durante o movimento grevista, que afeta mais de 750 mil usuários.
A reunião de ontem ocorreu na sede da Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT). Além dos trabalhadores, representados pelo Sttrema, e representantes do Sindicato das Empresas de Transporte (SET) -, participaram dois secretários municipais (Canindé Barros, da SMTT, e Rodrigo Marques, de Governo), o Ministério Público Estadual, a Ordem de Advogados do Brasil (OAB-MA) e entidades estudantis.
Gilson Coimbra, presidente do Sttrema, baixou a proposta de reajuste salarial, de 16% para 11%.
"Se nos derem ao menos os 11%, a greve acaba", disse o sindicalista nesta quarta-feira.
A Prefeitura de São Luís propôs ações para recuperar o sistema de transporte, descartando o aumento da passagem.
Algumas das ações propostas são a instalação do sistema de biometria facial em, no máximo, três meses, para combater as fraudes no sistema de transporte; o fim do subsídio de R$ 2 milhões mensais concedido às empresas; e a extinção da chamada "domingueira" (cobrança de meia passagem - R$ 1,05 - aos domingos).
Por sua vez, representantes do SET afirmaram que não têm condições de dar nenhum reajuste e reivindicaram não só a permanência do subsídio concedido pela Prefeitura - R$ 2 milhões mensais -, como seu aumento para R$ 4 milhões por mês.
"Desde o fim de 2009, a cada mês os empresários acumulam um prejuízo superior a R$ 9 milhões", disse José Luiz de Oliveira Medeiros, presidente do SET.
Apesar do impasse, na tarde desta quarta-feira está prevista uma nova rodada de negociações, segundo informou o secretário municipal Canindé Barros (Trânsito e Transporte).
A reunião, desta vez, será na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), no bairro Renascença 2.
Rio: Zona Oeste tem menos coletivos
Poucos rodoviários aderiram à greve de 24 horas convocada por um grupo dissidente do sindicato da categoria. De acordo com Lélis Teixeira, presidente da Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus da cidade, cerca de 90% da frota estão nas ruas, e os horários de saída das garagens estão sendo cumpridos, em sua grande maioria, nos consórcios Santa Cruz, Internorte, Transcarioca e Intersul. No entanto, na Zona Oeste, o número de coletivos nas ruas é reduzido, principalmente, em Santa Cruz e Guaratiba.
Saindo de Santa Cruz para o Centro e Zona Sul, via Barra da Tijuca, apenas ônibus expressos, com tarifa especial (R$ 13,50) estão circulando normalmente. O funcionário público aposentado João Pinheiro Paes Leme, de 74 anos, reclamou que estava há uma hora no ponto de ônibus aguardando um coletivo da linha 388 (Santa Cruz/ Largo da Carioca).
"Disseram-me que a garagem está lotada de ônibus , ma eles não chegam no ponto. Tenho consulta marcada no médico e não sei como vou fazer para chegar".
Metrô em SP pode parar
Em São Paulo, o metrô pode parar na próxima quinta-feira, 5 de junho. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo decidiu, em assembleia na noite desta terça-feira, entrar em greve por tempo indeterminado. Antes disso, no entanto, está marcada para a véspera uma tentativa de negociação com a Companhia do Metropolitano no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), além de uma nova assembleia da categoria.
Os metroviários, cuja data base é 1º de maio, reivindicam reajuste salarial de 35,47%. O reajuste proposto pelo Metrô foi de 5,2%.
Em audiência realizada nesta segunda-feira, o TRT orientou o Metrô a conceder um aumento de 9,5% aos seus funcionários. A Companhia do Metropolitano havia se comprometido a enviar uma carta para o Sindicato, com uma nova proposta, o que não ocorreu.