OMS critica decisão
Governos, principalmente no Hemisfério Sul, devem abandonar estratégias para tentar conter o vírus H1N1 e passar a adotar estratégias de redução do impacto da gripe suína para comunidades. A recomendação é do vice-diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Keiji Fukuda. À reportagem, Fukuda deixou claro que nem fechar fronteiras nem recomendar que pessoas evitem países com altos números de casos da doença resolverão o problema.
Recomendações
Vejam quais são as orientações aos viajantes que se destinam aos países afetados:
- Em relação ao uso de máscaras cirúrgicas descartáveis, durante a permanência nos países afetados, seguir rigorosamente as recomendações das autoridades sanitárias locais.
- Ao tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente descartável.
- Evitar locais com aglomeração de pessoas.
- Evitar o contato direto com pessoas doentes.
- Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos de uso pessoal.
- Evitar tocar olhos, nariz ou boca.
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar.
- Em caso de adoecimento, procurar assistência médica e informar história de contato com doentes e roteiro de viagens recentes a esses países.
- Não usar medicamentos sem orientação médica.
Fonte: Ministério da Saúde
A recomendação feita pelo Ministério da Saúde na semana passada para que os brasileiros em situação de risco adiem viagens a países com maior número de casos de influenza A (H1N1) a gripe suína tem trazido consequências para o turismo. E o impasse ocorre justamente em um dos períodos mais importantes para o setor, as férias de julho. Só no Paraná, nesta época, 20 mil pessoas saem do estado para diversos destinos.
Segundo o ministério, os países que devem ser evitados por enquanto são Estados Unidos, Canadá, México, Chile, Argentina e Austrália. Os números do impacto nas vendas de passagens ainda estão sendo levantados. O que se tem por enquanto é uma previsão de cancelamentos: no Paraná, a estimativa fica entre 5% e 6% das viagens marcadas para Argentina e Chile. A informação é do presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem do Paraná (Abav-PR), Antônio Azevedo, que se reuniu na última segunda-feira com as principais agências que trabalham com pacotes para a América Latina.
Traduzindo em números, houve 500 cancelamentos para estes dois países. Azevedo considera o percentual elevado, até porque a Argentina é um dos principais destinos nessa época do ano. Preço, facilidade, opções de compra e neve em Bariloche são os grandes atrativos. Ou eram.
O prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, declarou ontem emergência sanitária e confirmou a antecipação das férias escolares para prevenir o avanço da gripe suína. Macri explicou, no entanto, que não haverá fechamento de lugares públicos.
Orientação
O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, recomendou no último dia 23, que idosos com mais de 60 anos, crianças menores de 2 anos, gestantes, pessoas com imunodepressão (pacientes com câncer, em tratamento para aids ou em uso regular de corticoide), diabete, cardiopatia, doença pulmonar ou renal crônica adiem viagens a países onde há transmissão sustentada da Influenza A. Na ocasião, Temporão ressaltou que não determinou a proibição de viagens, mas que deve haver "prudência e bom senso".
O recado fez com que muita gente repensasse as suas férias. A funcionária pública Juliana Hladyszwski, 27 anos, por exemplo, deixou de ir para Buenos Aires no dia 26 por causa da gripe suína. Não foram poucos os motivos: ela já estava com gripe comum; tinha medo de ser infectada e transmitir na volta a doença à irmã grávida; e recebeu orientação médica para que não viajasse. Achou por bem ficar em Curitiba, ainda mais depois de saber que a companhia aérea iria reembolsá-la. "Mas se não houvesse a determinação de não cobrar o cancelamento, eu teria viajado."
O advogado Alessandro Silvério só recebeu ontem pela manhã a notícia de que não precisaria mais ir à Argentina. Ele cursa doutorado na Universidade do Museu Social, em Buenos Aires, e soube que o curso foi suspenso por questão de saúde pública.
Cancelamento
Com relação ao reembolso, o presidente da Abav-PR explica que, como não existe proibição da Organização Mundial da Saúde (OMS), o passageiro tem que comprovar motivo de força maior. As operadoras, no entanto, estão tentando viabilizar o reembolso para pacientes em situação de risco.
A Abav também atua junto às companhias aéreas para que não haja penalidades nos casos de remarcações de datas ou cancelamentos. A Gol, por exemplo, não cobrará taxa de cancelamento e remarcação de clientes que adquiriram passagens para a Argentina e Chile anteriormente a 24 de junho.
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