Cascavel A gripe aviária já começa a afetar a avicultura paranaense, mesmo sem a doença ter chegado ao Brasil. No Oeste, principal região produtora do Estado, as agroindústrias começam a demitir e remanejar as férias dos funcionários. Com as dispensas, as empresas estão reduzindo a produção, para evitar mais prejuízos. Além da gripe aviária, que reduziu o consumo da carne de frango em países da Europa um dos principais mercados do Paraná a valorização do real frente ao dólar afetou a competitividade das exportações brasileiras.
As primeiras demissões ocorreram no mês de fevereiro, na C. Vale, cooperativa com sede em Palotina, que dispensou 260 funcionários. A cooperativa reduziu o abate, de 215 mil para 185 mil frangos/dia. A C.Vale também adiou o projeto de ampliar a produção até o final do ano, para chegar a 300 mil aves abatidas por dia.
A Globoaves, de Cascavel, dispensou 50 funcionários nos últimos dias. A Copacol (Cooperativa Agrícola Consolata), de Cafelândia, está propondo a redução salarial de 20%, para evitar demissões, segundo o Sindicato dos Trabalhadores do município. A ameaça de demissões atinge ainda outras cooperativas da região que atuam no abate de frangos, como a Coopavel, de Cascavel, e a Lar, de Medianeira.
As cooperativas e as indústrias do Oeste, incluindo a Sadia, de Toledo, são responsáveis pelo abate de aproximadamente 1,35 milhão de aves/dia. Boa parte dessa produção é embarcada para os países da Ásia e da Europa, onde há a presença do vírus da gripe aviária. A redução do abate, de até 20%, atinge praticamente todos os abatedouros.
O presidente da Avipar (Associação dos Avicultores do Paraná), Alfredo Kaefer, classifica o momento como preocupante. "O setor está ajustando a produção. E, infelizmente, tais medidas implicam em demissões", afirma Kaefer. O presidente da Coopavel, Dilvo Groli, disse que a empresa, por enquanto, não pensa em reduzir o quadro de funcionários. "Reduzimos a produção e as despesas de custeio." A cooperativa emprega 2 mil funcionários diretos no setor avícola, entre matrizeiro, incubatório, transporte e frigorífico.
De acordo com estimativas do setor, a avicultura gera cerca de 25 mil empregos no Oeste. Desse total, 20 mil estão nas agroindústrias e 5 mil no campo, como integrados.