Cerca de 48 famílias do Movimento Sem Terra (MST) acampam desde a manhã de ontem em frente da fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na Rodovia do Talco, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O grupo exige mais rapidez no processo de reforma agrária da área de mais de 650 hectares de terra onde vive desde 2003. Em dez anos, essa é a quinta vez que os membros do pré-assentamento Emiliano Zapata fecham a entrada da Embrapa. Com barracas de lonas, o grupo pretende permanecer no local até receber uma resposta concreta sobre a liberação do título de propriedade. Integrantes da Embrapa e do Incra estão no local para negociar.
Os integrantes do MST decidiram, em assembleia realizada no sábado, fechar a sede da Embrapa em busca de respostas mais efetivas. Eles reclamam da demora no processo de desapropriação da área onde vivem. Mais de 150 pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos alegam prejuízos com a morosidade. "Estamos há dez anos sem receber crédito oficial do governo. Plantando e construindo nossas casas sem auxílio nenhum", frisa Célio Rodrigues, membro da Comunidade de Resistência Emiliano Zapata.
De acordo com ele, a Embrapa tem dificultado o processo de liberação do documento de posse da área ocupada. O protesto foi a forma pacífica que os membros do pré-assentamento encontraram para pressionar os órgãos competentes.
A área de 650 hectares onde vivem os integrantes do MST fica dentro da fazenda da Embrapa e, segundo o ouvidor agrário regional, Raul Bergold, já foi comprada pelo Incra. As dificuldades em regularizar o título de propriedade se deve ao fato de que algumas partes da fazenda estariam em litígio, o que torna mais demorado o processo de desmembramento da área do pré-assentamento. "O documento de averbação está com a Embrapa. A expectativa é que até agosto deste ano o processo se conclua".
Embrapa
Em nota, o escritório da Embrapa afirma que foi surpreendido pela manifestação do MST, mas garante que está tomando as providências para resolver a questão. No comunicado, a Embrapa afirma que a averbação do terreno junto ao cartório de imóveis de Ponta Grossa já está em andamento.