| Foto: Henry Milléo/Gazeta do Povo

Grampos telefônicos efetuados com autorização da Justiça indicam que o grupo de extermínio investigado pela força-tarefa da Polícia Civil guardava revólveres e pistolas que eram usados para adulterar locais em que vítimas foram executadas, de modo a simular confronto. Algumas dessas armas já haviam sido usadas em outros assassinatos.

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Em uma das interceptações, o soldado Jefferson José de Oliveira telefona para um capitão da PM, instantes depois da morte de um carroceiro na Zona Norte de Londrina, em uma suposta troca de tiros. O soldado pergunta: “aquela situação lá tá com o senhor ou não?”. Para a força-tarefa, não houve confronto e a “situação” seria uma pistola calibre 380, que teria sido colocada junto ao corpo da vítima.

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A arma foi apreendida e exames balísticos comprovaram que a mesma pistola havia sido utilizada em dois ataques investigados. Para a Polícia Civil, o grupo de extermínio primeiro usava armas clandestinas nas execuções e, posteriormente, “plantava-as” junto a vítimas de outros ataques, simulando confronto.

Na gravação, além de garantir que vai ao local do crime, o capitão pergunta se “tem algum morto” na ação e orienta o soldado a esperar para chamar o Siate. A força-tarefa entende que esta orientação foi passada para que o grupo ganhasse tempo para adulterar a cena do crime.

“O guardador”

Em seguida, o soldado Jefferson liga para um publicitário. No mesmo tom ofegante, o policial pede para que o interlocutor leve imediatamente “dois convites” que outro soldado teria deixado com ele anteriormente. A força-tarefa aponta que “convites” seriam armas. Em depoimento, o publicitário alegou que seriam convites para um jogo de vôlei, mas não soube apontar porque o policial os teria solicitado após um suposto confronto e ressaltando que os queria imediatamente – “em dois minutos”.

Segundo as investigações, o publicitário tinha a função de guardar armas para o grupo. Em buscas na casa dele, a polícia apreendeu um revólver calibre 38, uma pistola 9 milímetros e uma espingarda calibre 44, além de dezenas de estojos de cápsulas de ponto 40 – o mesmo calibre usado pelas forças policiais.

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