Atualizado às 19h18
Um grupo de 120 manifestantes ocupam, desde às 10h desta quarta-feira (14), a praça de pedágio de São Luís do Purunã, na BR-277, a cerca de 50 quilômetros de Curitiba. No início da noite, foi realizada uma plenária e, de forma unânime, a decisão foi pela permanência da ocupação, sem data para acabar. Os manifestantes são integrantes do Movimento dos Usuários das Rodovias do Brasil (Murb).
Por volta de 18h, dois oficiais de Justiça, acompanhados de pelo menos 15 policiais, entregaram aos manifestantes uma liminar, obtida pela concessionária Rodonorte, que administra o trecho, pedindo a reintegração de posse. A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) contestou as informações da Sesp, dizendo que o oficial de Justiça se dirigiu à praça, sem apoio da polícia, às 16h50 e que "a invasão era de conhecimento público desde às 10h45. Com isso, a concessionária tinha expectativa de que a polícia agisse de forma pró-ativa nessa situação".
De acordo com Stevani, um dos manifestantes, apesar da liminar a praça não será desocupada. "Mesmo com essa liminar nós não vamos sair daqui", garantiu. "Durante a madrugada existe a possibilidade de novas ocupações em outras praças de pedágio", ameaçou.
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), informou, por nota, no início da noite, que assim que o grupo fosse notificado seria montado um plano de desocupação. Mas segundo Stevani, dos 15 policiais que chegaram, apenas seis estão no local. "Não acredito que aconteça a reintegração, mas vamos evitar o confronto. Esse não é o nosso objetivo. É um protesto pacifico", disse.
Os manifestantes abriram as cancelas deixando os motoristas que trafegam pela rodovia passarem sem pagar o pedágio. O grupo reivindica a redução das tarifas em 61%. Ainda segundo o manifestante, a ocupação transcorre de forma pacífica e não tem data para terminar.
"Só saímos daqui quando as concessionárias fizerem uma proposta para reduzir as tarifas em 61%. Não somos contra o pedágio e sim o alto valor cobrado aos usuários", disse. "Se não chegarmos a um acordo, haverá novas manifestações em outras praças", completou.
NegociaçãoO diretor da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), João Chiminazzo Neto, não afasta a idéia de discutir uma possível redução nas tarifas. "Existe a possibilidade de negociar, desde que o poder concedente - governo ou Departamento de Estradas e Rodagem (DER), nos chame, discuta de forma técnica e jurídica e, principalmente, cumpra o que for acordado", disse.
Chiminazzo cita dois acordos entre governo do Paraná e as concessionárias Ecovia e Cataratas, quando as empresas reduziriam 30% no valor da tarifa e o estado assumisse alguns serviços previstos, mas, segundo o diretor, o governo não cumpriu sua parte no acordo.
DERO diretor do DER, Rogério Tissot, rebateu a posição de Chiminazzo e disse que o governo cumpriu tudo que foi combinado, e que o acordo não foi "para frente porque as concessionárias entraram na Justiça pleiteando benefícios".
Sobre a possibilidade de negociação entre DER e ABCR visando a redução da tarifa, Tissot disse que o órgão está "sempre aberto à propostas de redução, mas as concessionárias não querem abrir mão da excelente receita de R$ 640 milhões por ano".
Tissot afirmou ainda que na ação impetrada pelo DER na Justiça, a solicitação é que a Ecovia reduza durante dois anos o valor do pedágio em 70%, "para devolver todo o dinheiro - cerca de R$ 40 milhões - que deixaram de ser investidos durante os sete anos de concessão". Outra possibilidade, segundo Tissot, é a redução em 40%, durante quatro anos. "Desta maneira, o pedágio cairia de R$ 10,60 para R$ 6,00, reajustados anulamente de acordo com os índices econômicos, que apontam para 7% ao ano".
AbsurdoChiminazzo classificou a ocupação como um total absurdo e diz estar alarmado com o desrespeito à iniciativa privada. O diretor disse ainda que as concessionárias estão sendo vítimas de uma conspiração político eleitoral - mencionando uma possível relação do governo do Paraná com o protesto.
"As praças de pedágio viraram palanque político. Se o governo do estado não tem nada a ver com essa manifestação, que nos ajude a defender as praças", afirmou. "Coloque a polícia para retirar essas pessoas, nos ajude na reintegração", completou Chiminazzo.
"Estranha coincidência"O diretor ressaltou que a redução de 61% é uma estranha coincidência. "Esse percentual, pedido pelos manifestantes, é exatamente o mesmo que o governo do Paraná tenta imputar na Justiça". Chiminazzo concluiu dizendo que os manifestantes deveriam adotar alternativas corretas. "Se eles querem acabar com o pedágio, basta que o governo do estado indenize as concessionárias em R$ 4 bilhões e 500 mil reais. Se a opção for por abaixar a tarifa, mande o poder concedente nos chamar para mesa de negociação".
Tarifas e prejuízoA Rodonorte, concessionária que administra o trecho onde acontece a ocupação, cobra R$ 4,70 para carros de passeio, R$ 2,40 para motos e até R$ 17,60 para caminhões de seis eixos. Se a reivindicação dos manifestantes for aceita, o valor cairia para R$ 2,86; R$ 1,46 e R$ 10,73 respectivamente.
De acordo com a assessoria da empresa, cerca de 15 mil veículos, entre carros, motos e caminhões, trafegam pela rodovia numa quarta-feira normal. O prejuízo, calculado entre o maior valor e o menor cobrado, seria de aproximadamente R$ 150 mil. A assessoria da Rodonorte informou que só poderá calcular o prejuízo real nesta quinta-feria.
PoliciamentoNo início da tarde, o protesto foi acompanhado por apenas dois policiais rodoviários federais e dois militares. A Sesp disse que o número de policias enviados à praça de pedágio foi suficiente para controlar a situação. A secretaria, por questão de segurança, não informou quantos policiais foram designados para acompanhar a ocupação.
MovimentoSegundo a ABCR, os manifestantes portavam bandeiras do Murb, quebraram as cancelas, expulsaram os funcionários e permitiram a passagem dos veículos sem pagar o pedágio. De acordo com Stevani, a ocupação foi pacífica. "Pedimos aos funcionários para que abandonassem as cabines de pedágio. Em nenhum momento houve violência", resumiu.
Veja na reportagem em vídeo como foi a ocupação dos integrantes do Murb
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