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Tráfico

Grupo negociava drogas em shopping

A prisão de 10 pessoas acusadas de participar de uma quadrilha que se articulava a partir de reuniões feitas em lojas de shop­­pings de Curitiba expõe a estratificação social existente no comércio de entorpecentes da capital. Além dos locais fora do comum onde a negociação de drogas e o planejamento de crimes eram discutidos, o grupo oferecia droga de alta pureza para usuários das classes média e alta de Curitiba. "Eles chegaram a batizar a droga de 'cocaína de playboy'. Era um produto voltado a pessoas de alto poder aquisitivo", conta o delegado Amarildo Antunes, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

Para o sociólogo da Univer­­sidade Federal do Paraná (UFPR) Pedro Bodê, o fato se torna simbólico já que mostra que a divisão de classes está explícita até no consumo de drogas. Ele diz que não há novidade no uso de entorpecentes pelas classes média e alta, mas sim na oferta de produtos com qualidade superior. "As pessoas desses grupos sociais precisam de fornecedores e alguns desses fornecedores são do próprio grupo social deles", explica.

De acordo com Antunes, os criminosos sabem que seu público não vai atrás da droga em locais que não são seguros para eles. Por isso, vendem a droga em festas, shows e casas noturnas da cidade. "A classe alta não vai numa favela. Quem tem dinheiro busca qualidade até mesmo dentro do tráfico."

Estratégia

O grupo desmantelado, apresentado pelo Cope no início desta semana, demonstrava ousadia e certa crença na impunidade ao tentar se misturar entre clientes de lojas em shoppings, mesmo diante de câmeras de monitoramento. Foram justamente as imagens que apontaram indícios de atividade ilícita, contudo, não poderiam servir como prova de crime por mostrarem apenas que os suspeitos passavam dinheiro de mão em mão. Não havia droga nos shoppings, que eram usados apenas como local de reunião, segundo o delegado Antunes.

Os 10 presos foram detidos entre abril e junho. O grupo é acusado de ter ramificações no tráfico de drogas e em assaltos a residências. A cocaína de alta pureza negociada dentro dos shoppings era revendida em shows e casas noturnas de bairros nobres de Curitiba.Segundo a polícia, a droga era trazida do Paraguai e o grupo vendia uma média de oito quilos da droga por mês, o que rendia cerca de R$ 400 mil por mês ao grupo.

Denerson Willian de Oli­veira, 23 anos, é apontado pela polícia como o líder do grupo. Ele seria o financiador da cocaína paraguaia. Ele já havia sido condenado a cinco anos de prisão por tráfico. Quatro pessoas foram flagradas com drogas para venda e outras cinco detidas são acusadas de fazer parte do braço da quadrilha responsável por levantar dinheiro por meio do assalto de residências e empresas.

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