Moradores do bairro Alto da Glória, em Curitiba, prometem fazer manifestações entre hoje e amanhã contra a possível extinção de uma pracinha localizada no fim das ruas Doutor Goulin, Cambará e Paraguassu. O grupo acusa a prefeitura de priorizar os automóveis em detrimento do pedestre. O movimento foi batizado de "Salve a Praça!".
A prefeitura afirma que não há planos para retirada da praça e, por isso, estranha a manifestação. Em julho deste ano, no entanto, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) anunciou que havia projetos de abrir quatro cruzamentos da capital, atualmente fechados pela presença de ruas sem saída que desembocam em praças, incluindo a do Alto da Glória. Obras semelhantes já foram feitas, em 2010, nos bairros Mercês e Cristo Rei, para melhorar a fluidez do trânsito.
Na agenda da mobilização, está marcado para hoje, a partir das 14 horas, um ato de revitalização da praça. A ideia é embelezar o local com pintura e decorações livres a população é convidada a participar com "o que tiver em casa". O manifesto segue amanhã, com uma bicicletada que sai às 9 horas, da Reitoria da UFPR, em direção à praça. Depois da chegada, estão marcadas apresentações musicais.
O grupo já havia feito protesto semelhante no início do mês, levando cerca de cem pessoas à praça. Segundo a professora Bruna Ruano, uma das organizadoras do evento, a grande adesão espontânea à primeira ação motivou o grupo a realizar outra mobilização, mais organizada. São esperadas 200 pessoas para a bicicletada de amanhã.
Abaixo-assinado
Segundo a professora, o grupo tentou fazer contato com a prefeitura, entregando um abaixo-assinado no Ippuc, mas não conseguiu diálogo. "Querem mexer em ruas tranquilas do bairro, na praça usada pelos meus filhos. Não faremos um manifesto agressivo, queremos mostrar como o local é bonito", diz.
O filósofo Jorge Brand, também participante da manifestação, critica o fato de a busca por maior fluidez no trânsito causar a destruição dos espaços de convivência. "Antes estivessem pensando no transporte coletivo, mas não. Estão projetando uma cidade para carros em vez de pessoas."