Moradores e comerciantes de Nova Brasília com cadeira no Conselho Gestor da Ilha do Mel, no litoral do estado, podem apresentar renúncia coletiva na próxima reunião da entidade, marcada para quinta-feira. Eles estão mobilizando a população local para acompanhar o encontro, ostentando faixas e cartazes, para pressionar os órgãos governamentais, que integram o conselho, a concretizar a definição de ações já discutidas e não implementadas pela presidência da entidade. Entre as ações estão o novo trapiche, a estação de tratamento de água e o cadastramento de moradores.
O grupo alega que os representantes do governo estadual não estão cumprindo as decisões aprovadas nas reuniões e não realizam prestação de contas de verbas repassadas. Representantes dos órgãos oficiais que integram o conselho não foram localizados para comentar o assunto.
Trapiche e estação
Os representantes de Nova Brasília no conselho pretendem que os órgãos oficiais apresentem definição sobre o uso do trapiche recentemente reformado e já apresentando buracos entre as madeiras da passarela, além da proteção lateral solta. Eles afirmam que o conselho aprovou investimentos de cerca de R$ 110 mil para a execução da obra. "O governo até anunciou que o trapiche estava pronto, mas, na verdade, está aí parado, sem uso, servindo apenas para amarrar os barcos", afirmou Júlio Soares Mendes, que representa a Associação dos Nativos da Ilha do Mel da Ponta Oeste (Animpo) no conselho. Em janeiro deste ano, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) anunciou que havia investido cerca de R$ 80 mil na reforma do trapiche de Nova Brasília e que a obra seria entregue em fevereiro.
Outro problema levantado pelos conselheiros locais está relacionado à implantação da estação de tratamento de água em Nova Brasília. "Estamos próximos de mais uma temporada e ainda não temos nem o início da estação na nossa localidade. Pior ainda: não sabemos nem mesmo como está o projeto", lamenta Davi Ribeiro, presidente da Cooperativa dos Campings da Ilha do Mel (Coopamel), entidade que não participa do conselho. O financiamento para as obras que também inclui a construção de outra estação em Encantadas, já iniciada utiliza verba da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) repassada à Cagepar (Companhia de Abastecimento de Água e Esgoto de Paranaguá).
Cadastramento
Suzane Albino, presidente da Associação do Comércio e Turismo da Ilha do Mel (Acturim), que integra o conselho, reclama da não realização do cadastramento de moradores e trabalhadores esporádicos que ocupam a ilha. "Desde o fim do ano passado, já foi liberada uma verba inicial e depois uma suplementação para a confecção de carteiras dos locais. O serviço até chegou a ser iniciado por uma técnica do IAP, mas até hoje não foi concluído e não nos deram nenhuma explicação", disse ela.
A comerciante estima que a verba liberada foi "entre R$ 9 mil e R$ 18 mil". Suzane falou que não sabe o valor correto porque os conselheiros locais não receberam a prestação de contas. "Na última reunião, o Reginato Bueno (representante do IAP no conselho) disse que não foi possível apresentar as contas porque a impressora estava com problemas e a conta havia sido transferida", afirmou a comerciante.
Suzane destaca que a ausência do cadastro é um problema para a segurança do local. Ela lembrou a destruição de imagens, vasos e vidraças da igreja Nossa Senhora dos Navegantes, instalada em Nova Brasília, praticada por uma mulher desconhecida. No último dia 17, sem qualquer razão aparente, a mulher entrou na igreja e iniciou a destruição. Detida por policiais, ela teria informado ser da cidade de Cerro Azul, mas não portava qualquer documento. A imagem de Nossa Senhora dos Navegantes destruída havia sido restaurada recentemente e já teria mais de meio século, de acordo com Alcione Valentim, suplente da Animpo no conselho e presidente da comissão da igreja.
A atuação da Polícia Ambiental na ilha também é motivo de queixas dos conselheiros de Nova Brasília. "Eles ficam fechados no posto e não saem para nada; se telefonar para uma emergência, os policiais pedem que a pessoa vá até lá", afirma Suzane.
Histórico
O Conselho Gestor da Ilha do Mel foi criado em 1997, por meio de decreto estadual. No total, 14 representantes da comunidade local e dos governos estadual e municipal integram a entidade. A função dos membros do conselho é deliberar sobre obras e atividades de interesse público e privado.
"A lei que criou o conselho diz que somos um órgão deliberativo, mas hoje só servimos para referendar o que querem os órgãos estaduais. Nós temos compromissos com os moradores daqui e responsabilidade legal sobre as decisões do conselho. Se não nos ouvirem, estaremos preparados para renunciar ao cargo no conselho", concluiu Suzane Albino.
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