O grupo do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, consolidou-se no comando do órgão nas eleições seccionais realizadas ao longo das semanas retrasada e passada nas 27 unidades federativas do país, referentes ao triênio 2022/2024.
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Com isso, algo que já era considerado bastante provável passou a ser tido como certo dentro da OAB: a vitória do advogado amazonense Beto Simonetti, aliado de Santa Cruz e secretário-geral da ordem, nas eleições de fevereiro de 2022 que definirão o sucessor do atual presidente.
“Havia essa expectativa, e eu acho que ela se confirmou, se consolidou, com as eleições ocorridas agora no mês de novembro”, afirma o advogado Juliano Costa Couto, ex-presidente da OAB no Distrito Federal. Na avaliação dele, nomes favoráveis ao grupo de Santa Cruz venceram as eleições em cerca de 20 seccionais.
Em meados de 2021, por meio de articulações políticas, o grupo de Santa Cruz já havia conquistado apoios para permanecer no poder em pelo menos 21 das 27 unidades federativas. Para que uma candidatura à Presidência do Conselho Federal da OAB seja efetivada, é necessário o apoio de ao menos seis seccionais. Ao obter 23 apoios, a chapa de Simonetti praticamente travou a possibilidade de chapas adversárias.
Como a eleição para o Conselho Federal é realizada somente no começo do ano seguinte ao das eleições seccionais, os votantes são aqueles que acabaram de ser eleitos nos estados, o que poderia provocar uma mudança no perfil do eleitorado antes do pleito nacional. Isso não ocorreu, no entanto. Segundo fontes da OAB, o único estado onde triunfou uma clara oposição ao grupo de Santa Cruz foi a Bahia.
Ainda que o grupo de Santa Cruz permaneça no poder, espera-se uma gestão completamente diferente da do atual presidente. Há uma impressão forte dentro do Conselho Federal da OAB de que os interesses político-partidários interferiram muito em certas decisões no triênio 2019/2021. Com Simonetti, a expectativa é de posicionamentos mais discretos.
Cotas para mulheres criam quebra-cabeça para formação da diretoria da OAB
Com a instituição de cotas para mulheres na OAB, há um quebra-cabeça político para a formação da diretoria do Conselho Federal, que é composta por cinco membros: presidente, vice-presidente, secretário-geral, secretário-geral adjunto e diretor-tesoureiro. Duas dessas cadeiras precisarão ser ocupadas por mulheres de acordo com as novas normas.
Uma regra antiga já estabelecia que cada um dos integrantes da diretoria deveria vir de uma região diferente do país. O nome preferido de Simonetti para ocupar a cadeira de vice-presidente, de acordo com fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, era o da advogada alagoana Fernanda Marinela, mas ela perdeu a eleição em sua seccional.
Agora, é possível que se considere o nome de outra advogada nordestina, mas há maior chance de que uma advogada do Sudeste ocupe a vice-presidência. Luciana Nemer, do Espírito Santo, é um dos nomes cotados.
A cadeira da região Norte já corresponde a Simonetti, e as da região Sul e do Centro-Oeste deverão ser ocupadas por homens. Com isso é provável que a segunda mulher a ocupar a diretoria da OAB a partir de 2022 venha do Nordeste.
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