A prefeitura de Paranaguá alterou nesta terça-feira a composição da comissão especial que investigará as denúncias da Pastoral São Cristóvão sobre maus-tratos a moradores de rua. O prefeito José Baka Filho decidiu excluir do grupo o secretário de Segurança Pública, Álvaro Domingues, acusado de promover uma "limpeza social" na cidade, expulsando os mendigos, e incluiu a Mitra Diocesana, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação dos Ministros Evangélicos do Paraná. A comissão tem prazo de 30 dias prorrogável por igual período para apresentar o relatório final.
O decreto número 1.054 que cria a comissão foi motivado pela reportagem publicada domingo na Gazeta do Povo, a partir de entrevistas com mendigos e de denúncias do responsável pela Pastoral Rodoviária, padre Adelir Antonio De Carli. "Como cidadão, sinto-me indignado com o tratamento dado ao ser humano", disse o prefeito. "É a mesma indignação quando nos lembramos do que o nazismo fez", completa. "Convidamos instituições de credibilidade para nos ajudar a apurar os fatos."
Segundo Baka Filho, a prefeitura tem procurado dar um atendimento humano aos moradores de rua de Paranaguá, com um sistema de busca, atendimento e triagem. Prova disso, diz ele, foi a ação realizada na segunda-feira à noite, com a participação de 16 pessoas das secretarias da Criança, da Saúde e da Segurança, além do Conselho Tutelar. Dos 18 moradores de rua abordados, 11 aceitaram ir ao albergue mantido pela administração municipal. Seis eram catadores de papel e preferiram permanecer junto aos seus "carrinhos" e a outra era uma mulher que simplesmente recusou o atendimento.