Comerciantes paraguaios são acusados de financiar terrorismo
O relatório do Departamento de Estado norte-americano insiste na denúncia de que há comerciantes ligados aos grupos Hezbollah e Hamas na região da Tríplice Fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina. A sede dos comerciantes, que enviariam dinheiro aos grupos do Oriente Médio, seria uma galeria comercial em Ciudad del Este, no lado paraguaio da fronteira.
Organizações criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) estão operando abertamente em Guaíra, cidade da Região Noroeste do Paraná, que se transformou em uma das principais portas de entrada de drogas e armas provenientes do Paraguai, Bolívia e Colômbia.
A constatação é do relatório anual sobre narcóticos do Departamento de Estado norte-americano. Divulgado na última sexta-feira e concluído ainda durante o governo do presidente George Bush, o relatório reúne informações das autoridades norte-americanas de combate às drogas e de institutições parceiras espalhadas pelo mundo caso da Polícia Federal brasileira.
De acordo com o documento, que retrata o avanço do tráfico internacional de drogas e traça as diretrizes de combate ao crime, o Brasil pertence ao grupo dos 20 maiores produtores ou corredores de passagem de droga no mundo.
"Cocaína vinda da Bolívia e maconha do Paraguai são primeiramente importadas para uso doméstico, enquanto cocaína de melhor qualidade vinda da Colômbia e do Peru é enviada, majoritariamente, para a Europa via África", diz o documento.
O Departamento de Estado identifica o uso de portos como Recife, Salvador, Santos e Rio de Janeiro e de aeroportos, principalmente do Rio e de São Paulo, para o envio da droga. O relatório também confirma uma mudança na rota dos entorpecentes, já identificada anteriormente pelas autoridades brasileiras. "Por conta da Lei do Abate, os traficantes têm evitado voar grandes distâncias dentro do território nacional em aviões clandestinos." A Lei do Abate permite que aviões suspeitos de levar cargas ilícitas e que se recusem a pousar quando intimados pela autoridade policial sejam derrubados.
A opção para os traficantes são as "imensas e difíceis de controlar áreas de fronteira, particularmente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que fazem fronteira com a Bolívia, e o Paraná que faz fronteira com o Paraguai".
O epicentro dessa rota de tráfico é, segundo o Departamento de Estado Norte-Americano, Guaíra, com seus 28 mil habitantes às margens do Lago de Itaipu. A transformação do município em um apêndice fundamental de grupos criminosos como o PCC e o CV não é uma novidade para quem atua na região. Em dezembro do ano passado, reportagem da Gazeta do Povo mostrava a transformação de Guaíra na nova capital do contrabando e do tráfico. À época, o delegado da Polícia Federal na cidade, Érico Saconato, já alertava para o poder paralelo do crime. "O que se tem aqui é uma estrutura de máfia. É o crime organizado com todos os seus tentáculos."
Para o promotor de Guaíra, Marcos Cristiano Andrade, a divulgação do documento é uma prova de que os norte-americanos perceberam uma realidade que muitas autoridades brasileiras insistem em não ver. "Eu venho dizendo há tempos e repetidamente que os grupos criminosos paulistas e cariocas têm membros aqui, fazendo a intermediação do tráfico de drogas e do contrabando de armas. São membros de quadrilhas, de organizações criminosas. Infelizmente a autoridade judicial nem sempre tem entendido assim e esses elementos têm sido tratados como traficantes comuns, e não como integrantes de grandes organizações do crime."
Para corroborar sua tese, Andrade cita dois exemplos. "Uma das vítimas da chacina de Guaíra (ocorrida em 22 de setembro de 2008, quando 15 pessoas foram mortas por causa de uma dívida de drogas) era da Favela da Rocinha e levava haxixe, maconha e armas para a ADA (Amigos dos Amigos, organização rival do Comando Vermelho). Em março de 2007, o pagodeiro Walter Tomas Ignácio, um dos cabeças do PCC, foi preso em Salto del Guairá (cidade paraguaia vizinha a Guaíra)."
Avanços
O relatório do DEA também cita avanços no combate aos entorpecentes no Brasil. Segundo o documento, o país tem intensificado a colaboração com as autoridades norte-americanas e dos países vizinhos. Como exemplos dessa cooperação, o documento cita a prisão do traficante Juan Carlos Abadia, um dos líderes do cartel colombiano Norte del Valle, e sua extradição para os Estados Unidos. O trabalho conjunto de agentes do DEA, da Polícia Federal e da Polícia Nacional colombiana rastrearam mais de 700 milhões de dólares oriundos dos negócios ilíticos do cartel colombiano.
"A troca de informações e o trabalho conjunto de inteligência são realizados de forma constante pela Polícia Federal, o DEA e as polícias parceiras ao redor do mundo. O exemplo mais recente disso foi a apreensão recorde de quatro toneladas de cocaína em Paranaguá. A pista veio de uma apreensão na Romênia. Uma semana depois fazíamos a apreensão aqui", diz o delegado Wágner Mesquita Oliveira, que chefiou a operação Fênix, na qual foi presa a mulher do traficante Fernandinho Beira-Mar, e a operação Zapata, que culminou com a prisão do traficante Lucio Rueda Bustus, integrante do Cartel de Juárez, uma das principais quadrilhas responsáveis pelo tráfico de cocaína do México para os Estados Unidos.
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