O município de Tacuru (MS), situado 416 quilômetros ao sul de Campo Grande, é o segundo município brasileiro a adotar um idioma indígena como língua oficial. Com a sanção de um projeto de lei em 24 de maio, oficializando a língua guarani, os serviços públicos básicos na área de saúde e as campanhas de prevenção de doenças neste município devem, a partir de agora, prestar informações em guarani e em português. A prefeitura de Tacuru se compromete a apoiar e a incentivar o ensino da língua guarani nas escolas e nos meios de comunicação.
O Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul (MPF-MS) elogia a aprovação da medida e argumenta que "o Brasil é multiétnico e que o português não pode ser considerado a única língua utilizada no país". Segundo os procuradores, o Brasil é signatário do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que determina que, nos Estados em que haja minorias étnicas ou linguísticas, pessoas pertencentes a esses grupos não poderão ser privadas de usar sua própria língua.
Os procuradores lembram que no dia 4 de maio deste ano, durante o júri dos acusados de assassinar o cacique guarani Marco Verón, morto a pauladas em Juti (MS) em 2003, a juíza acatou o pedido da defesa para impedir que indígenas se expressassem em guarani, por meio de um intérprete. "O pedido da defesa foi contrário à Constituição Federal e à Declaração Universal dos Direitos Humanos e, por isso, o MPF abandonou o plenário. Novo júri foi marcado para fevereiro de 2011", afirmaram.
O primeiro município do Brasil a adotar um idioma indígena como língua oficial, além do português, foi São Gabriel da Cachoeira, localizado no extremo Norte do Amazonas. Além do português, São Gabriel tem três línguas indígenas oficiais (Nheengatu, Tukano e Baniwa).