A invasão de uma área particular no bairro Guarituba, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, completa um mês com um número muito maior de famílias nos terrenos ocupados. A falta de cumprimento da reintegração de posse concedida pela Justiça fez aumentar de 100 para 350 o número de famílias no local. Ontem à tarde, a Polícia Militar esteve no bairro para pedir a saída pacífica dos ocupantes. Segundo a assessoria da prefeitura de Piraquara, enquanto não houver a autorização da Secretaria de Segurança Pública, a retirada dos invasores da área não ocorrerá.
O problema iniciou no dia 8 de outubro, no feriado de Nossa Senhora Aparecida, com a instalação de barracos improvisados por cerca de 100 famílias. No dia 20, a Justiça acatou o pedido de reintegração de posse de um dos lotes . A liminar, porém, ainda não foi cumprida.
À espera da execução, o advogado do proprietário de lote 30, Luis Carlos Moreira Júnior, reclama da falta de agilidade do poder Executivo. Ele solicitou ontem à Justiça a elevação da multa de R$ 50 para R$ 20 mil por invasor. "Vamos fazer de tudo para que seja cumprida a desocupação. Se for o caso, pediremos intervenção judicial junto ao estado", diz ele.
Invasores
O clima, ontem, era tenso no local. Para um dos líderes do movimento, Antônio de Jesus, conhecido como Lula entre os invasores, não há intenção por parte das famílias de sair da área. "Queremos, com o movimento, despertar a prefeitura para que pense sobre os problemas de moradia do município", fala Lula. Na próxima quinta-feira, deverá haver uma nova reunião que discutirá o problema com os órgãos envolvidos.
Para a representante do movimento Mulheres da Paz, Beatriz Ursh dos Santos, 22 anos, que apóia o grupo invasor, a situação é preocupante. Segundo ela, as listas entregues à Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) no mês passado mostram que, das 350 famílias ocupantes, 37 integram as beneficiadas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Se houver a desocupação do lote 30, com certeza as famílias irão ocupar outra área".
O prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samaha (Gabão), afirma que o período político ajudou no crescimento do movimento. "Mas é a hora de o Estado se fazer presente", alerta. Conforme ele, o Guarituba tem 50 mil moradores e 80% deles são invasores em processo de regularização fundiária.