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Guerra contra o sal chega ao cereal e à margarina

Cereal matinal terá de diminuir 15% dos níveis de sódio até 2015 |
Cereal matinal terá de diminuir 15% dos níveis de sódio até 2015 (Foto: )

Margarinas, cereais matinais, temperos e caldos industrializados terão redução nos teores de sódio em porcentuais que variam de 1,3% a 19% ao ano até 2015. É o que prevê o termo assinado ontem pelo Ministério da Saúde e pela Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). A expectativa é de que, com a mudança nas formulações, 8.788 toneladas de sódio sejam retiradas do mercado até 2020. Para Edmundo Klotz, presidente da Abia, os acordos voluntários vão colocar o Brasil à frente de muitos países que têm regulações rígidas no setor de alimentos.

A mudança começa no ano que vem, com a margarina vegetal tendo a redução mais significativa: a partir de 2013 ela deverá ter 19% menos sódio, chegando em 2015 com até 715 mg em cada 100 gramas do produto, contra os 1.660 mg atuais. Os cereais terão uma redução de 7,5% no primeiro ano e até 2015 o teor de sódio deve ser 15% menor que o encontrado hoje. Os caldos líquidos terão redução de 3,5% ao ano. O tempero em pasta, de 3,5% ao ano até chegar a 6,5% em 2015. Os temperos de arroz deverão ter 1,3% de sódio a menos anualmente, e os demais temperos, 4,3%.

Prevenção

A medida é con­­siderada importante para prevenir hipertensão arterial, problemas cardiovasculares e complicações em quem tem pedras nos rins, segundo o chefe do serviço de nefrologista do Hos­­pital de Clínicas da Uni­­versidade Federal do Pa­­raná, Marcelo Mazza do Nas­­cimento. "Essa medida tem impacto na saúde pública, pois estudos indicam que 10% da população sofre com hi­­pertensão arterial", diz.

Contudo, ela ainda não de­­ve ser suficiente para elimi­­nar o exagero dos brasileiros em relação ao sal na opinião do endocrinologista e dire­tor médico do Laboratório Frischmann Aisengart, Mauro Scharf. "O brasileiro consome de 12 gramas a 15 gramas de sal por dia e a Organização Mundial da Saúde preconiza até 5 gramas", assinala.

Scharf comenta que a diminuição no teor de sódio será gradativa com o objetivo de não afastar tantos consumidores dos produtos, o que ocorreria em uma mudança abrupta de sabor. Segundo ele, a redução de sódio vai ajudar a mudar o paladar do brasileiro, que tem de aprender a utilizar outros temperos, não tão nocivos à saúde. "É uma boa hora para mudarmos a forma de dar sabor à comida."

Massas e biscoitos

Antes desse acordo, dois outros foram assinados em 2011, visando massas instantâneas, biscoitos, pão de forma, pão francês e bolos. Outro pacto vai envolver laticínios e comidas prontas. Com to­­das as ações, es­­pera-se eliminar 25 mil toneladas de sódio do mercado até 2020. O ministro da Saú­de Alexandre Pa­­dilha disse que o impacto dos acordos será medido em 2013.

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